Título: | Amicus curiae : um eufemismo? : análise da admissibilidade dos amici curiae na 1ª Seção do STJ |
Autor(es): | Blank, Otávio Gomes |
Orientador(es): | Oliveira, André Macedo de |
Assunto: | Amicus curiae Superior Tribunal de Justiça (STJ) Jurisprudência |
Data de apresentação: | 11-Jul-2025 |
Data de publicação: | 17-Out-2025 |
Referência: | BLANK, Otávio Gomes. Amicus curiae: um eufemismo?: análise da admissibilidade dos amici curiae na 1ª Seção do STJ. 2025. 57 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito) — Universidade de Brasília, Brasília, 2025. |
Resumo: | O presente trabalho analisa os fundamentos de inadmissão do amicus curiae na 1ª Seção do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), com enfoque nos casos tributários, onde a dicotomia entre
neutralidade e interesse institucional se mostra mais evidente. O estudo parte da premissa de
que, enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) consolidou uma jurisprudência que reconhece
a legitimidade do amicus mesmo quando parcial — desde que pautado em um interesse
institucional relevante —, o STJ ainda adota critérios restritivos, frequentemente negando sua
admissão sob o argumento de que estaria atuando como "amigo da parte". A pesquisa revela
que essa divergência jurisprudencial decorre da reprodução, pelo STJ, de precedentes superados
do STF, que vinculavam a admissão do amicus à demonstração de neutralidade e interesse
público. Contudo, como demonstrado pela evolução do instituto no direito brasileiro, essa
concepção foi substituída por uma compreensão mais alinhada à teoria da hermenêutica
constitucional aberta de Peter Häberle, na qual o amicus atua como agente de pluralização do
debate e legitimação democrática das decisões judiciais. Metodologicamente, o trabalho
combina análise quantitativa e qualitativa de decisões da 1ª Seção do STJ, identificando três
categorias principais de fundamentos de inadmissão: (i) representatividade, (ii) "amigo da
parte" e (iii) iura novit curia. Os resultados demonstram que 59% das decisões analisadas
utilizam o argumento do "amigo da parte", muitas vezes de forma inconsistente, admitindo
entidades com perfis semelhantes em casos análogos. Além disso, a utilização do princípio iura
novit curia como justificativa para a inadmissão revela uma incompreensão da função
do amicus, confundindo-o com a figura do perito. Conclui-se que o STJ precisa ressignificar
sua aplicação do instituto, abandonando a exigência de neutralidade e priorizando o potencial
colaborativo do amicus. Essa mudança não apenas harmonizaria sua jurisprudência com a do
STF, mas também fortaleceria a legitimidade das decisões em processos que produzem
precedentes vinculantes. A abertura ao amicus curiae, em sua concepção contemporânea, é
essencial para um sistema jurídico que se pretende democrático, plural e sensível às
complexidades da sociedade moderna. |
Abstract: | This study examines the grounds for inadmissibility of amicus curiae in the 1st Section of
Brazil's Superior Court of Justice (STJ), with a focus on tax cases where the tension between
neutrality and institutional interest becomes most evident. The research stems from the premise
that while the Supreme Federal Court (STF) has established jurisprudence recognizing the
legitimacy of amicus briefs even when partial - provided they are based on relevant institutional
interests - the STJ still applies restrictive criteria, frequently denying admission under the
argument that the petitioner is acting as a "friend of the party." The investigation reveals that
this jurisprudential divergence results from the STJ's replication of outdated STF precedents
that tied amicus admission to demonstrations of neutrality and public interest. However, as
demonstrated by the evolution of this legal instrument in Brazilian law, this conception has
been replaced by an understanding more aligned with Peter Häberle's theory of open
constitutional hermeneutics, where the amicus serves as an agent for pluralizing debate and
democratically legitimizing judicial decisions. Methodologically, the research combines
quantitative and qualitative analysis of decisions from the STJ's 1st Section, identifying three
main categories of inadmissibility grounds: (i) representativeness, (ii) "friend of the party", and
(iii) iura novit curia. The results show that 59% of analyzed decisions employ the "friend of
the party" argument, often inconsistently admitting entities with similar profiles in analogous
cases. Furthermore, using the iura novit curia principle as justification for inadmissibility
reveals a misunderstanding of the amicus's function, confusing it with that of an expert witness.
The study concludes that the STJ needs to reinterpret its application of this legal instrument,
abandoning neutrality requirements and prioritizing the amicus's collaborative potential. This
change would not only harmonize its jurisprudence with the STF's but also strengthen the
legitimacy of decisions in high-impact cases, such as repetitive appeals. Embracing the amicus
curiae in its contemporary conception is essential for a legal system that aspires to be
democratic, pluralistic, and responsive to modern societal complexities. |
Informações adicionais: | Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) — Universidade de Brasília, Faculdade de Direito, 2025. |
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