Precarização do trabalho docente : a “plataformização” da educação

Abstract

O tema central desta pesquisa é a precarização do trabalho docente a partir da relação entre o capital financeiro e a rede escolar brasileira por meio da plataformização digital observando o período de 2020 a 2023. Em razão das consequências da pandemia de covid-19 no Brasil, o Estado e as grandes empresas de tecnologia orientaram as atividades para a promoção do ensino remoto, sobretudo, concepções educacionais que insinuam o uso de tecnologias dentro do ambiente escolar. Estudaremos essas insinuações a partir do tema da uberização1 do ensino que adentra as escolas públicas e privadas no brasil.Da perspectiva desta pesquisa, é possível observar a transformação da escola em uma mercadoria fracionada que é oferecida e vendida a empresas do ramo tecnológico, esse processo altera as experiências pedagógicas e a forma como a identidade docente é pensada.Os objetivos da minha investigação são analisar como a precarização do trabalho docente está ligada às novas relações trabalhistas que estão sendo condicionadas a plataformas de comunicação e ensino, e analisar os impactos dessas reformas calcadas na acomulação de capital financeiro na vida do profissional de educação. Para esta pesquisa, utilizamos as discussões sobre precarização do trabalho contemporâneo e os debates sobre a uberização do trabalho docente.Para além da análise textual sobre o tema foi realizada uma pesquisa quantitativa de caráter exploratório no qual foram analisadas respostas de 19 profissionais de educação atuantes no Distrito Federal (na rede pública e privada de ensino, em universidade federal e empresas) e que trabalharam no período remoto de ensino durante a pandemia de COVID-19.Foi possível concluir que as reformas impostas à escola e aos profissionais docentes a partir do ensino mediado por plataformas de comunicação impactam de forma contundente o tempo, o trabalho e a saúde desses profissionais e impactam de forma direta o ensino dos discentes.