A maternidade na produção artística de Clarice Gonçalves e do Coletivo Matriz

Abstract

O corpo materno é, simultaneamente, íntimo e público. Ele ocupa um lugar de múltiplos interesses e investimentos para o individual e para o coletivo. Do ponto de vista disciplinar da história da arte, as imagens têm o poder para enquadrar nossa compreensão dos corpos maternos de maneiras que possam afirmar, interromper ou contestar os ideais maternos predominantes. O presente estudo analisa a produção de Clarice Gonçalves entre 2013 e 2019 e o modo como a maternidade se emaranhou em suas obras, bem como o resultado desse encontro. A artista propõe a demonstrar investigações acerca das manifestações do corpo e da sexualidade, assim como apontar para o tema da maternidade e da mulher-artista, questionando a maternidade ou maternagem imposta ou adquirida, ressignificando os temas convencionais ligados ao maternar. Esta pesquisa foi realizada por meio da leitura de bibliografia relacionada ao tema da produção contemporânea de Clarice Gonçalves e aos desdobramentos relativos a essas obras. Para isso, foram investigadas as exposições da artista e seus devidos catálogos. Como fontes primárias, foram entrevistadas a artista Clarice Gonçalves e a curadora Cinara Barbosa. Os resultados deste estudo apontam para perspectivas que validem as iniciativas de exposições sobre o maternar não romantizado como importantes propulsoras para a construção de uma cultura visual mais aproximada às realidades.