Tempo livre, educação e trabalho: olhares de jovens aprendizes

Abstract

Atualmente, as juventudes urbanas estão cercadas pelo consumo, alienação e preocupações com relação ao futuro. Os jovens, filhos do proletariado, estão tendo que se desdobrar para conciliar tempos de atividades domésticas, estudo e trabalho, isso quando estão matriculados na Educação Básica. Tempo livre de autocondicionamento e fruição são deixadas em segundo plano. Nesse sentido, este estudo dedica-se à compreensão das relações entre trabalho, educação e tempo livre pelos olhares de jovens que vivenciam rotinas e condições típicas dos grandes centros urbanos, em particular, a necessidade de longos deslocamentos em função das atividades de estudo e trabalho. O objetivo é analisar os impactos da ausência de tempo livre para os jovens aprendizes, suas percepções e olhares. Para tanto, optamos pela realização de pesquisa bibliográfica sobre as temáticas discutidas e estudo de campo, elegendo como público, jovens que atuaram no programa de aprendizagem e que realizam grandes deslocamentos como usuários de transporte coletivo. O estudo acerca do tempo livre foi desenvolvido utilizando autores como Frigotto (2005), Aquino; De Oliveira Martins (2007) e Adorno (1995). Adotou-se como referência as contribuições de Kuenzer (1985) para as noções de educação e trabalho, e Nunes; Weller (2014) e Abramo; Venturi; Corrochano (2020) nas pesquisas em juventudes. Após a análise dos dados apresentados no estudo, conclui-se que, apesar da tentativa do programa de aprendizagem na inserção dos jovens no mercado de trabalho, para aqueles com desfavorecimento socioeconômico o programa tem outra finalidade: emergência financeira, indo de desencontro com os objetivos do programa. Foi possível identificar estratégias que os jovens utilizam na tentativa da otimização do tempo, almoçar no transporte público e realizar atividades escolares à noite, fazem parte de suas rotinas. Além disso, barreiras como a falta de espaços públicos voltadas ao lazer nas periferias esbarram na possibilidade do quase ausente tempo livre dos jovens periféricos.