Educação inclusiva e diferenciação pedagógica : concepções de professores do bloco inicial de alfabetização (BIA) de uma escola pública do Distrito Federal

Abstract

Este trabalho situa-se na temática da Educação Inclusiva e da Diferenciação Pedagógica, e tem como objetivo conhecer quais são as concepções dos professores do Bloco Inicial de Alfabetização (BIA) de uma escola pública do Distrito Federal quanto às duas temáticas. A Educação Inclusiva tem como eixo central uma educação para todos com base em princípios, entre eles, o princípio da diferença, de acordo com MANTOAN (2003). A Diferenciação Pedagógica emerge como uma perspectiva didática que visa atender as necessidades educacionais de todos, sobretudo dos estudantes com dificuldades de aprendizagem, a fim de potencializar as aprendizagens e evitar o fracasso escolar (PERRENOUD, 2001). A partir da delimitação desses dois conceitos, a pesquisa orientou-se pela abordagem qualitativa e procedeu-se à utilização de dois instrumentos de geração de dados: a) análise documental do Projeto Político Pedagógico da escola em que as professoras trabalham; b) entrevistas narrativas de três professoras, as quais lecionam cada uma para um ano diferente -1º, 2º e 3º ano do primeiro ciclo do Ensino Fundamental I - conhecido no Distrito Federal como BIA. A realização das entrevistas, bem como a análise seguiram a proposta do autor Fritz Schütze. Os resultados obtidos no primeiro bloco das entrevistas (Formação Acadêmica e Profissional) revelam motivações diferenciadas para ingressar no magistério, bem como para permanecer na carreira, mas existe algo em comum: todas têm cursos específicos no campo da Educação Especial, tais como: TEA (Transtorno do Espectro Autista), Deficiência Intelectual, Deficiência Múltipla, AEE (Atendimento Educacional Especializado). Entretanto, não foram citados cursos de formação continuada sobre Educação na perspectiva da Educação Inclusiva como um campo de estudo abrangente, no qual a Educação Especial na Perspectiva Inclusiva faz parte, sobretudo, cujos estudos e pesquisas podem contribuir para a inclusão de todos. O segundo bloco (Relação professor-estudante-gestão e as diferenças) mostrou que as professoras possuem concepções de Educação Inclusiva que se referem à Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e à Integração Escolar dos estudantes. E a análise do terceiro bloco (Organização do Trabalho Pedagógico) revelou que algumas das práticas pedagógicas de diferenciação pedagógica realizadas pelas professoras são direcionadas aos estudantes públicoalvo da Educação Especial ou aos estudantes com dificuldade de aprendizagem. Além disso, a análise do Projeto Político Pedagógico da escola no que diz respeito à Inclusão também se refere aos aspectos da Educação Especial e da Integração dos estudantes. Desse modo, infere-se que há um alinhamento de percepções entre o documento norteador da escola e as práticas das professoras na sala de aula, os quais corroboram para a realização de práticas de discriminação negativa, conforme Castel (2008).