Caracterização e comparação do húmus produzido por vermicompostagem a partir de diferentes fontes

Abstract

Historicamente, o Brasil registra índices preocupantes em relação à gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU), que normalmente são produzidos em grande escala e, no entanto, tem sua disposição e/ou coleta em escala relativamente inferior à produção. A manutenção desse cenário tem corroborado para a degradação do meio ambiente e, por consequência, para a redução da capacidade produtiva dos solos degradados. Diante disso, foram aprovadas a Lei Federal nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) para a gestão e gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil, e a Lei Distrital nº 6.518/2020, que obriga o tratamento dos resíduos sólidos orgânicos por processos de compostagem ou outros tratamentos biológicos, no intuito de apresentar soluções para a recuperação do meio ambiente e o enriquecimento dos solos afetados. Nesse prisma, o presente trabalho busca examinar o processo de vermicompostagem – metodologia da compostagem que se vale do emprego de anelídeos – a partir da produção de substâncias húmicas em dois experimentos distintos, utilizando como fonte de matéria orgânica resíduos de frutas (E1) e verduras (E2), com o objetivo de caracterizar e comparar os aspectos físico-químicos dos compostos orgânicos obtidos em cada experimento face aos resultados de estudos pesquisados na literatura, avaliando os parâmetros químicos dessas substâncias referentes à capacidade de retenção de água (CRA), valor de pH e frações de macronutrientes (NPK), de forma a averiguar o potencial de uso de cada composto como condicionador de solo. Os resultados registram que, em relação às frações de NPK, as quantidades desses macronutrientes dependem da composição do material orgânico inicial utilizado; quanto à CRA, esta está intimamente ligada à densidade aparente, pois quanto menor for a densidade aparente, maior será a porosidade, dessa forma os vermicompostos produzidos a partir de materiais orgânicos misturados apresentaram melhores valores se comparados aos produzidos neste trabalho; quanto aos valores de pHs, apenas as substâncias húmicas produzidas a partir de resíduos de folhagem (A1) e resíduos vegetais mais serragem (B3) apresentaram valores ácidos – o que não é esperado no produto final –, os demais apresentaram valores descritos na literatura como ideais, com pHs alcalinos próximos a 8,5. Já a relação de C/N apresentou carência de nitrogênio e excesso de carbono nos vermicompostos produzidos por resíduos vegetais mais serragem (B3) e resíduos orgânicos diversos coletados em Órgão Público Municipal (C1), os demais estão dentro do padrão utilizado na literatura para condicionadores de solos.