Título: | A proteção à mulher e as dimensões discriminatórias do direito do trabalho |
Autor(es): | Yamakawa, Ana Paula Porto |
Orientador(es): | Delgado, Gabriela Neves |
Assunto: | Direito do trabalho Discriminação de sexo no emprego Mulheres - emprego |
Data de apresentação: | 2016 |
Data de publicação: | 16-Ago-2016 |
Referência: | YAMAKAWA, Ana Paula Porto. A proteção à mulher e as dimensões discriminatórias do direito do trabalho. 2016. 81 f. Monografia (Bacharelado em Direito)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016. |
Resumo: | O presente trabalho tem por intuito analisar o âmbito de influência, no mercado de trabalho,
do contrato sexual implícito, historicamente constituído, e suas consequências. Dentre elas, a
construção de um Direito do Trabalho que tenha como centro o trabalhador ideal masculino.
Tal construção implica disposições de proteção à mulher que visam neutralizar o feminino,
para que as mulheres possam ser inseridas no mercado de trabalho e se adaptarem a um
modelo de produtividade feito sob a medida do homem. O presente estudo analisa, ainda,
casos do judiciário brasileiro que dizem respeito à questão de gênero. O primeiro versa sobre
a instituição, em empresa de Telemarketing, de um “programa gestacional”, que visava
controlar o calendário de gravidezes das trabalhadoras de determinado setor, para que não
houvesse prejuízos no desenvolvimento empresarial em decorrência dos períodos de licença
maternidade. O segundo caso versa sobre a concessão do intervalo de 15 minutos antes da
jornada extraordinária às mulheres, previsto no art. 384, da CLT. O objetivo da presente
pesquisa é analisar como tais proteções concedidas às mulheres podem servir de consolo e,
desse modo, esconder a necessidade de uma completa reestruturação social e do Direito do
Trabalho, à medida que tutelam algumas situações em que as diferenças femininas (quando se
toma por base o trabalhador homem) se tornam aparentes, agindo como barreira simbólica e
passando a impressão de um direito que tenha homens e mulheres como verdadeiros sujeitos
de direito. Não há via correta ou obrigatória para a liberdade feminina, mas certo é que tal
liberdade não pode ser vista como mera proteção contra a invasão e arbitrariedade alheias, e
sim como verdadeira possibilidade de se autoanalisar e autodefinir. É necessária, assim, a
ressignificação do ser mulher, e a reestruturação social e do direito, para que sejam
construídos sobre uma base que considere homens e mulheres igualmente como sujeitos de
direito, e não tenha apenas os homens como sujeito neutro e as mulheres como categoria a ser
tutelada. Tal ressignificação engloba repensar o contrato sexual implícito, redefinindo as
funções sócias designadas a homens e mulheres. Desse modo, o sujeito e a identidade
constitucionais devem ser abertos, ensejando reconhecimento recíproco entre os indivíduos
sociais, como portadores de cidadania. |
Abstract: | This study is meant to examine the scope of influence, in the labor market, of the implied
sexual contract, historically constituted, and its consequences. Among them, the construction
of a Labor Law that has at its center the ideal male worker. Such construction implies
protection measures for women aimed at neutralizing the female characteristics, so that
women can be inserted in the labor market and adapted to a productivity model made under
the measure of man. This study also analyzes the Brazilian legal cases concerning the issue of
gender. The first concerns the institution in a Telemarketing company, of a "gestational
program”, which aimed to control the timing of pregnancies of female workers in a particular
sector, so that there were no losses in the business development as a result of maternity leave
periods. The second case concerns the granting of the 15-minute break before extraordinary
journey to women, provided for in art. 384 of the Labor Code. The aim of this research is to
analyze how such protections afforded to women may serve as consolation and this way can
hide the need for a complete social restructuring and labor law restructuring, as oversee some
situations where female differences (when based on male workers) become apparent, acting
as a symbolic barrier and giving the impression of a right that has men and women as true
subjects of law. There is no correct or compulsory via for female freedom, but it is certain that
such freedom can not be seen as a mere protection against invasion and others arbitrariness,
but as real possibility of autoanalyses and self-defining. It is necessary, therefore, the
reframing of being a woman, and social and labor law restructuring, to be built on a basis that
considers men and women equally as subjects of law, not only having men as a neutral
subject and women as category to be safeguarded. This reframing involves rethinking the
implicit sexual contract, redefining the partners functions assigned to men and women. Thus,
the subject and the constitutional identity should be open, allowing for mutual recognition
between social individuals as bearers of citizenship. |
Informações adicionais: | Monografia (graduação)—Universidade de Brasília, Faculdade de Direito, 2016. |
Aparece na Coleção: | Direito
|