A educação ambiental nos currículos de licenciatura em Ciências Biológicas : um olhar para a formação de professores

Abstract

A Lei n.º 9.795/99 instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental no Brasil, tornando-a obrigatória em todos os níveis de ensino, formal ou não, enfatizando também a capacitação de profissionais na área. A crise ambiental que prolifera pelo mundo é utilizada como justificativa principal para a criação dessa política. Segundo a Organização Mundial das Nações Unidas, a Educação Ambiental é fundamental no processo de preparo, conscientização e mobilização da sociedade na busca pelo equilíbrio entre a população e o meio ambiente. Com isso, o presente trabalho visa analisar, qualitativamente, a abordagem do tema Educação Ambiental presente em disciplinas dos currículos de cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas no Brasil, que possuem nota 5 no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes até 2021 (último ano em que foi realizado para esses cursos). A análise foi feita através dos Projetos Pedagógicos dos Cursos e Matrizes Curriculares das IES de 18 cursos. Foram encontradas 37 disciplinas e em todos os cursos a EA estava presente. Cerca de 83% dos cursos apresentavam disciplinas obrigatórias, 61% optativas e aproximadamente 45% apresentavam os dois tipos de disciplinas. A categoria mais frequente nas disciplinas foi Conscientização Ambiental, estando presente em 21 delas, seguida das categorias Conceitos e Prática do Educador Ambiental, ambas presentes em 19 disciplinas. E, por fim, oito incluem a Legislação, seis abordam a Crise Ambiental e cinco discorrem sobre a História da EA. Apesar da presença de disciplinas nas matrizes curriculares, apenas duas propõem a formação do educador ambiental nos quatro eixos (formação pedagógica, crítico-social, ecológica-ambiental e epistemológica). Dessa maneira, o fenômeno da deseducação ambiental permanece presente. Faz-se necessária a inclusão de disciplinas obrigatórias de EA nos currículos de licenciatura para que os educadores possam trabalhar em conjunto de maneira interdisciplinar e transversal. A formação continuada dos profissionais já formados também deve ser incentivada para que continuem melhorando as suas práticas e possam formar cidadãos transformadores da realidade em que vivem.