Prevalência de histoplasmose entre pacientes com suspeita da doença, atendidos no Hospital Universitário de Brasília (1990-2023)

Abstract

A histoplasmose, patologia causada pelo fungo Histoplasma capsulatum, é de grande importância em países subdesenvolvidos e de clima tropical, devido às características ambientais em que tal patógeno se desenvolve. No Brasil, não é doença de notificação compulsória, o que acarreta dados epidemiológicos insuficientes, gerando prejuízo para o desenvolvimento de medidas de saúde pública. Em 2017, um grupo de bombeiros no DF, após treinamento na cidade de Brazlândia-DF, foi acometido pela doença, colocando a patologia em voga. O objetivo deste estudo, o qual é parte de uma tese de doutorado (Estudo clínico-epidemiológico e molecular da histoplasmose no Distrito Federal e entorno), é utilizar dados de prontuários de pacientes do Hospital Universitário de Brasília diagnosticados com histoplasmose para determinar a epidemiologia e a prevalência da doença entre os pacientes com suspeita da patologia fúngica no referido Hospital nos anos de 1990 até 2023. Os resultados vistos no estudo foram prevalência de histoplasmose clínica ou microbiológica (HCM) entre os pacientes com suspeita da doença de 26,8% (44/164) na população avaliada. Já em relação aos dados epidemiológicos, observou-se que a população era majoritariamente do sexo masculino (33/44), com mediana de idade de 38 anos, com 20,9% dos pacientes residentes e procedentes de área urbana (9/44), e 59,1% do total dos pacientes com histoplasmose residentes no DF (26/44). Dentre os pacientes com HCM, 61,4% possuíam diagnóstico de HIV/ADIS (27/44), com predominância de CD4< 100 (14/20 = 70%), e 20,4% dos pacientes apresentaram outros tipos de imunossupressão não relacionadas ao HIV (9/44). Houve comprovação microbiológica com cultura positiva em 77,2% pacientes (34/44) e nenhum apresentou sorologia positiva. A forma clínica mais observada foi a disseminada (47,7%), sendo mais comuns os sintomas de febre, tosse e perda ponderal. A alteração radiológica mais observada foi a presença de nódulos pulmonares. As alterações laboratoriais predominantes na população foram: pancitopenia, LDH elevado, ferritina elevada, e fosfatase alcalina elevada. Apenas 52,2% dos pacientes com HCM receberam tratamento (23/44), 8 casos prováveis e 15 casos confirmados, sendo a principal medicação utilizada a anfotericina B. Houve um total de 13,6% de óbitos por qualquer causa entre os pacientes com HCM (6/44 = 13,6%). Assim, com a obtenção de dados epidemiológicos sobre a histoplasmose na população estudada do HUB, o presente estudo pode corroborar a busca por melhoria de políticas públicas de saúde no DF em relação à histoplasmose, como obtenção de novos e mais sensíveis testes diagnósticos, a fim de facilitar a detecção da doença e início precoce do tratamento.