| Resumo: | O envelhecimento da população brasileira ocorre em ritmo acelerado, com projeções indicando
um aumento ainda mais expressivo nas próximas décadas. No Distrito Federal (DF), as Regiões
Administrativas (RAs) acompanham esse processo, embora de forma desigual: o
envelhecimento populacional encontra-se mais avançado nas RAs com maior renda, enquanto
aquelas de baixa renda ou renda média baixa ainda estão em estágios iniciais desse fenômeno.
A RA de Santa Maria, situada no DF, abriga 4,35% da população distrital, sendo composta por
13.140 habitantes com idades entre 60 e 75 anos. Considerando as especificidades inerentes ao
processo de envelhecimento, tornam-se essenciais estudos que contribuam com novas
perspectivas e propostas voltadas à promoção de ações direcionadas a esse público, incluindo
o lazer como direito social assegurado por legislações vigentes. O termo “lazer” apresenta
conceituação ampla, mas, de maneira geral, está relacionado à prática de atividades que visam
à satisfação pessoal, ao descanso, à recreação, ao desenvolvimento e ao entretenimento. Nesse
contexto, este estudo teve como objetivo identificar quais práticas de lazer são realizadas por
idosos residentes na RA de Santa Maria – DF, bem como analisar os atributos de valor
percebidos por estes ao lazer existente na cidade. Buscou-se compreender tanto os benefícios
percebidos quanto os custos e barreiras que encontram e se dispõem a arcar para usufruir dessas
atividades. Como procedimento metodológico, foram realizadas entrevistas com roteiro
semiestruturado, aplicadas a 14 participantes com idades entre 60 e 72 anos. Os dados indicaram
que uma parcela significativa dos participantes associa o lazer à prática de exercícios físicos,
sendo a caminhada a atividade mais mencionada. Outras práticas também foram citadas,
embora em menor proporção, como trabalhos manuais, atividades artísticas e intelectuais,
diversificação da rotina diária, atividades religiosas, bem como atividades em contato com a
natureza e com animais de estimação. Dentre os benefícios relatados, destacam-se sensações de
bem-estar, melhora no humor, aumento do ânimo e da disposição, o que leva os participantes a
associarem o lazer à melhoria da qualidade de vida. Também foram mencionados benefícios
como aumento da força física, redução e prevenção de dores, e ampliação da sociabilidade. No
entanto, a maioria dos entrevistados também relataram diversas barreiras à prática de atividades
de lazer, como dores e limitações decorrentes da idade, restrições médicas e deficiências na
infraestrutura urbana. Entre estas, destacam-se a inexistência de pistas adequadas, a presença
de obstáculos, a insegurança e a deterioração de equipamentos públicos, indicando que Santa
Maria ainda necessita tanto de melhorias estruturais quanto da criação de espaços de lazer mais
diversos e acessíveis. Também foram apontados fatores impeditivos como a limitação
financeira, o preconceito etário e a escassez de tempo, já que, para alguns participantes ainda
há a continuidade do trabalho ou da realização de tarefas domésticas. Futuras investigações
podem ampliar o raio de coleta de dados, incluindo a região Norte de Santa Maria, pois a
pesquisa concentrou-se na região Sul, a fim de possibilitar comparações entre as diferentes áreas
da cidade, identificando possíveis semelhanças ou contrastes nos espaços e práticas de lazer
adotados pela população idosa local. |