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Título: A política do esquecimento : os limites do tolerável e a resposta aos ataques do 8 de janeiro
Autor(es): Sousa, Mayara Rodrigues de
Orientador(es): Almeida, Eneá de Stutz e
Assunto: Anistia
Democracia
Justiça de transição
Data de apresentação: 8-Jul-2025
Data de publicação: 16-Out-2025
Referência: SOUSA, Mayara Rodrigues de. A política do esquecimento: os limites do tolerável e a resposta aos ataques do 8 de janeiro. 2025. 99 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito) — Universidade de Brasília, Brasília, 2025.
Resumo: Este estudo examina as disputas em torno da memória coletiva como fator central para compreender os dilemas da identidade democrática brasileira contemporânea. O trabalho circunscreve-se ao período que se estende da crise democrática iniciada em 2013 às respostas institucionais aos ataques de 8 de janeiro de 2023, a fim de avaliar a instrumentalização da anistia como instrumento jurídico-político. O problema que orienta o estudo consiste em analisar de que modo os sentidos e usos da anistia, desde o pacto constituinte de 1988, se conectam à construção da memória política nacional e como essa escolha se manifesta nas recentes iniciativas do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional. Metodologicamente, a investigação articula uma abordagem teórica ancorada em autores como Halbwachs, Ricoeur, Popper e Eneá de Stutz e Almeida, aliada a uma análise empírica dos desdobramentos da Ação Penal 2.668 no STF e da tramitação do Projeto de Lei 2.858/2022. Privilegiam-se documentos institucionais, decisões judiciais e debates legislativos, sem perder de vista a dimensão histórica e social das disputas pela memória. Os resultados evidenciam que, embora o Judiciário e o Legislativo oscilem entre guardiões da ordem democrática e agentes do esquecimento, a atuação recente do STF, especialmente a partir da Petição 12.100 e da Ação Penal relativa ao 8 de janeiro, sinaliza um movimento urgente de reafirmação do Estado Democrático de Direito. Em contrapartida, o avanço de proposições legislativas de anistia revela a persistência de uma cultura de reconciliação pelo esquecimento, prática recorrente na história republicana, que ressurge como obstáculo à efetivação da justiça de transição. Conclui-se que a instrumentalização da anistia, quando desvinculada do dever de memória e da responsabilização, opera como mecanismo de perpetuação da impunidade, fragilizando o pacto democrático. A pesquisa sustenta, assim, que o embate entre memória e esquecimento ultrapassa a produção normativa e exige o engajamento da sociedade civil na construção de narrativas plurais e na resistência à erosão democrática. A afirmação da memória, enquanto condição para uma democracia substantiva, revela-se indispensável à efetivação do direito à verdade, à justiça e à reparação, tarefa cuja urgência se impõe diante dos riscos de repetição do passado autoritário.
Abstract: This study examines the disputes surrounding collective memory as a central factor for understanding the dilemmas of contemporary Brazilian democratic identity. The work is circumscribed to the period extending from the democratic crisis that began in 2013 to the institutional responses to the attacks of January 8, 2023, in order to assess the instrumentalization of amnesty as a legal-political instrument. The guiding question of the study is to analyze how the meanings and uses of amnesty, since the 1988 constituent pact, connect to the construction of national political memory and how this choice is reflected in recent initiatives by the Supreme Federal Court and the National Congress. Methodologically, the investigation combines a theoretical approach anchored in authors such as Halbwachs, Ricoeur, Popper, and Eneá de Stutz e Almeida, with an empirical analysis of the developments of Criminal Action 2,668 in the Supreme Court and the progress of Bill 2,858/2022. Institutional documents, judicial decisions, and legislative debates are prioritized, without losing sight of the historical and social dimension of the disputes over memory. The results show that, although the Judiciary and the Legislature oscillate between guardians of democratic order and agents of oblivion, the recent actions of the Supreme Court, especially since Petition 12,100 and the Criminal Action related to January 8, signal an urgent movement to reaffirm the Democratic Rule of Law. In contrast, the advance of legislative proposals for amnesty reveals the persistence of a culture of reconciliation through forgetting, a recurring practice in republican history, which reemerges as an obstacle to the implementation of transitional justice. It is concluded that the instrumentalization of amnesty, when disconnected from the duty of memory and accountability, operates as a mechanism for perpetuating impunity, weakening the democratic pact. The research thus argues that the clash between memory and forgetting goes beyond normative production and demands the engagement of civil society in constructing plural narratives and resisting democratic erosion. The affirmation of memory, as a condition for a substantive democracy, proves indispensable to the realization of the right to truth, justice, and reparation, a task whose urgency is imposed by the risks of repeating the authoritarian past.
Informações adicionais: Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) — Universidade de Brasília, Faculdade de Direito, 2025.
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