Repercussões neurológicas após infecção por covid-19 : revisão de literatura

Abstract

Introdução: Desde o final do ano de 2019 o mundo enfrenta uma emergência de saúde pública causada pelo novo tipo de coronavírus, o SARS-Cov-2. Atualmente conhecido como Covid-19, essa doença constitui-se como uma infecção respiratória aguda potencialmente grave, apresentando manifestações clínicas características de uma síndrome gripal, cujos sintomas variam entre leve, moderado e grave, que pode chegar à fatalidade. Embora seja uma doença respiratória, a covid-19 pode afetar diferentes sistemas, dentre estes, o sistema nervoso devido às suas características de neurotropismo. As manifestações neurológicas na síndrome pós-covid têm recebido cada vez mais atenção, uma vez que se têm aumentado as queixas de comprometimento cognitivo e limitações na funcionalidade em indivíduos já infectados. Objetivo: Elucidar evidências científicas acerca das repercussões neurológicas oriundas da infecção pelo vírus SARS-CoV-2. Método: Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura, a partir de uma síntese de diversos estudos publicados, tendo por critérios de inclusão: artigos presentes nas bases de dados PubMed, Scielo, Lilacs e Base de Dados de Enfermagem da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); estudos disponíveis na íntegra pelas bases de dados online com publicação no período compreendido entre 2021 e 2023, que apresentassem como população indivíduos já infectados com o vírus SARS-Cov-2 com manifestações neurológicas; publicados nos idiomas de línguas portuguesa, inglesa ou espanhola. Resultados: Os sintomas mais comuns na síndrome pós-covid incluem fadiga, dificuldade de concentração, distúrbios do sono, ansiedade, depressão, insônia, cefaleia e distúrbios olfatórios. Estudos de Neuroimagem revelaram redução do volume cerebral, espessura da massa cinzenta e alterações na conectividade funcional em indivíduos já infectados. A neuroinflamação foi correlacionada ao declínio cognitivo após a infecção por covid-19. Além disso, também identificaram-se regiões do cérebro com superexpressão dos genes ACE2 e MPRSS2, relacionados à infecção pelo SARS-CoV-2. Conclusão: As sequelas neurológicas variam amplamente e podem afetar a cognição, o humor, os sentidos e o funcionamento cerebral. Estudos mostram que entre 15% e 59% dos pacientes com covid-19 têm distúrbios neurológicos persistentes, mesmo em casos leves. Alterações estruturais e funcionais no cérebro também foram observadas. Os mecanismos exatos dessas alterações ainda não são totalmente compreendidos, mas estudos sugerem a interação do vírus com receptores neurais e genes associados a funções cognitivas e doenças neurodegenerativas.