Estratégias de proteção do resultado no agronegócio : prática do hedge econômico e adoção do hedge accounting

Abstract

Este estudo tem por objetivo analisar a prática de hedge econômico, por meio do uso de instrumentos financeiros derivativos, e a adoção da contabilidade de hedge por parte de empresas brasileiras pertencentes ao agronegócio. O foco no agronegócio se justifica pela relevância do segmento para a economia brasileira e pela exposição a um conjunto de riscos, com destaque para os riscos de natureza financeira, que podem ser mitigados pelo uso de derivativos. Para o alcance do objetivo, foram realizados testes empíricos com base na estimação de modelo de regressão, voltados à análise do uso de derivativos, utilizando dados extraídos de demonstrações financeiras de 22 empresas dos setores agropecuários, listadas na B3, no período de 2010 a 2023. Ademais, foram examinadas as notas explicativas anuais referentes à divulgação da contabilidade de hedge, por parte das empresas, para que fosse averiguada a adoção da prática. Os resultados dos testes empíricos revelam que: há uma relação negativa entre o resultado com derivativos das entidades e o lucro líquido antes da ação dos instrumentos financeiros, o que confirma o pressuposto de que as empresas analisadas utilizam derivativos com o intuito de proteção (hedge) de seus resultados; e em relação à adoção de hedge contábil, constatou-se que somente um pequeno percentual das empresas fazem uso e divulgam a contabilidade de hedge, sendo reduzido o período de adoção da prática, em comparação ao período integral analisado na pesquisa. O presente estudo contribui para o desenvolvimento de pesquisas voltadas ao uso de derivativos e à aplicação de hedge accounting por parte de empresas brasileiras do setor agropecuário e de segmentos não financeiros listadas na B3.