Melanoma maligno em lábio superior : um relato de caso e revisão integrativa

Abstract

Este trabalho tem como objetivo relatar um caso clínico de melanoma de mucosa oral na região de lábio superior com metástases a distância e ressaltar o compromisso do cirurgião-dentista na detecção de lesões orais. O melanoma oral é uma neoplasia oriunda das células produtoras de melanina, os melanócitos, e, dentre as neoplasias de pele, é a mais agressiva. A sua fase inicial geralmente é assintomática, o que favorece o diagnóstico tardio, podendo ser letal ao paciente. Neste trabalho está o relato de um caso de uma paciente do sexo feminino, 70 anos de idade, que compareceu ao Hospital Universitário de Brasília (UnB) no dia 18 de Abril de 2023, com uma lesão enegrecida em todo o lábio superior, assimétrica, com bordas irregulares, coloração heterogênea, diâmetro maior que 6 mm, com extensão em área jugal, com uma zona ulcerada, com consistência endurecida à palpação, dolorosa e com sangramento ao toque. Por meio do exame histopatológico, a lesão foi diagnosticada como melanoma oral maligno. A paciente relatou que os sinais apareceram durante a Pandemia do COVID-19, há três anos, mas que não havia conseguido receber o diagnóstico até então. Assim, após três anos em relação ao surgimento da lesão, a paciente nos procurou no HuB, o qual foi realizada a biópsia incisional. Após o diagnóstico histopatológico, a paciente foi encaminhada ao UNACON, do HUB, onde recebeu o tratamento médico, mas em um contexto em que o prognóstico já estava bastante desfavorável, visto que, mesmo diante dos avanços dos tratamentos oncológicos, a paciente evoluiu a óbito. Este caso clínico destaca também a concomitância de três neoplasias malignas (melanoma, adenocarcinoma pulmonar e carcinoma de colo uterino), todas em estágios clínicos relevantes. O melanoma oral é uma neoplasia rara, de comportamento agressivo e alto poder metastático, que frequentemente leva a desfechos desfavoráveis, ainda mais quando diagnosticado tardiamente. Este caso reforça que, embora a gravidade seja característica dessa doença, a detecção precoce poderia ter proporcionado uma trajetória distinta, com maiores chances de controle e sobrevida para a paciente. Além disso, ressalta-se a relevância da Portaria GM/MS nº 3.681, de 7 de maio de 2024, que instituiu oficialmente a Política Nacional de Cuidados Paliativos (PNCP) no âmbito do SUS, visando garantir a integralidade do cuidado e a qualidade de vida mesmo em situações de doenças avançadas e sem perspectiva curativa, como no presente caso