Avaliação da relação da HbA1c e o tempo de diagnóstico da Diabetes Mellitus Tipo 2 sobre o estádio da periodontite

Abstract

Introdução: A relação bidirecional entre periodontite e Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) é amplamente reconhecida pelos impactos negativos de que uma condição exerce sobre a outra. A periodontite é uma doença inflamatória crônica associada ao biofilme disbiótica, caracterizada a perda dos tecidos de suporte dentário. A DM2 distúrbio metabólico caracterizado pela hiperglicemia, é vinculada como fator de risco para periodontite pois pode exacerbar a inflamação periodontal. Os níveis séricos de hemoglobina glicada (HbA1c) são indicadores-chave do controle glicêmico da Diabetes Mellitus (DM), sendo valores ≥6,5% indicativos de diabetes. De acordo com a nova classificação das doenças periodontais e peri implantes de 2018, níveis HbA1c ≥ 7% alteram o grau da periodontite. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre os níveis de HbA1c e o tempo de diagnóstico da DM2, e a influência sobre o estádio da periodontite, conforme a Nova Classificação das Doenças Periodontais. Material e métodos: Estudo transversal realizado com 90 indivíduos, sendo 57 com DM2 (DM) e 33 controles (CT). O grupo DM foi estratificado em subgrupos de acordo com o tempo de diagnóstico da DM2 em DM-1 (≤1 ano), DM-2 (2-9 anos) e DM-3 (≥10 anos). Os parâmetros clínicos periodontais, como sangramento à sondagem (SS), profundidade de sondagem (PS) e nível de inserção clínica (NIC) e, dados metabólicos, como HbA1c, glicemia em jejum (GJ), perfil lipídico e proteína C reativa (PCR), foram coletados e analisados estatisticamente. Resultado: Pacientes com DM2 apresentaram níveis significativos estatisticamente maiores de idade, circunferência abdominal (CC), GJ, HbA1c, triglicerídeos (TGL), e proteína C reativa (PCR) em comparação ao grupo controle (p<0,05). Os níveis de HbA1c aumentaram com o tempo de diagnóstico da DM2, indicando piora no controle glicêmico. Parâmetros periodontais, como SS, PS e NIC, não apresentaram diferenças significativas entre os grupos CT e DM. Porém no subgrupo DM-3, em que os níveis de HbA1c eram mais elevados, demonstraram maior gravidade periodontal. Conclusão: Os resultados indicaram que, embora os níveis de HbA1c fossem mais elevados em pacientes com maior tempo de diagnóstico da DM2, não houve correlação estatisticamente significativa entre HbA1c e a gravidade e progressão da periodontite, conforme a Nova Classificação. A interação entre DM2 e DP é complexa, influenciada por fatores como obesidade e inflamação sistêmica, destacando a necessidade de estudos mais robustos para elucidar essa relação.