Pacientes oncológicos submetidos à fotobiomodulação : perfil clínico e epidemiológico

Abstract

Com o início do tratamento oncológico diversas complicações orais, como mucosite, podem surgir, trazendo impactos na qualidade de vida para as quais pode ser utilizada a fotobiomodulação (FBM). Diante disso, para que manejos adequados sejam realizados, é imprescindível que se conheça a população afetada. Portanto, esse trabalho tem como objetivo estabelecer o perfil clínico e epidemiológico dos pacientes oncológicos submetidos à FBM, analisar e descrever possíveis associações que contribuam para o surgimento e/ou prevalência de determinadas sequelas bucais. Trata-se de um estudo transversal bidirecional, com análise de prontuários eletrônicos de portadores de neoplasia maligna, independente do sítio tumoral, que foram submetidos à FBM preventiva e terapêutica durante todo o tratamento oncológico, entre o lapso temporal de janeiro de 2020 a maio de 2024, atendidos na Unidade de Saúde Bucal do Hospital Universitário de Brasília. Os dados coletados foram armazenados e analisados através dos softwares Excel Microsoft® e Jamovi 2.3.28.0®. O teste qui-quadrado de Pearson foi aplicado com um nível de 5% de significância nas análises associativas. Este estudo foi autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB, sob o CAAE: 70837623.6.0000.0030. Foram analisados 81 prontuários, sendo os pacientes 77,8% masculino e 22,2% feminino, dos quais 56,8% estão na faixa etária entre 51-70 anos. Em relação ao sítio tumoral, 80,3% estão localizados em região de cabeça e pescoço. Quanto aos hábitos, 61,7% relataram histórico de tabagismo e 54,3% de etilismo. Na amostra, 60,5% apresentavam doenças crônicas. Ademais, 91,3% foram submetidos à radioterapia, com ou sem associação. Foi realizado o protocolo de FBM preventivo em toda amostra, iniciado concomitantemente ao início do tratamento antineoplásico. Do total, 28,4% dos pacientes não apresentaram lesão oral durante todo o tratamento oncológico. Dentre as lesões presentes, a mucosite oral foi a complicação mais prevalente, correspondendo a 46,9% da amostra estudada. Foi observada uma associação estatisticamente significativa (p=0,049) entre pacientes portadores de doenças crônicas e o surgimento de complicações orais, com um risco relativo de 1,55 para o desenvolvimento de lesões. Desse modo, torna-se fundamental a necessidade do monitoramento das doenças crônicas pelo cirurgião-dentista, tendo em vista seu potencial fator de influência no surgimento de complicações orais oriundas do tratamento oncológico.