Boas práticas e indicadores de governança corporativa em clubes de futebol : o caso das SAFs e dos modelos associativos

Abstract

O futebol brasileiro, conhecido por sua popularidade e paixão, enfrenta sérios desafios na gestão financeira e na governança dos clubes. Problemas como escândalos de corrupção, altos níveis de endividamento e administrações amadoras têm afetado negativamente tanto o desempenho quanto a sustentabilidade dessas instituições. Diante desse cenário, a implementação de práticas modernas de governança corporativa, especialmente com a introdução do modelo Sociedade Anônima do Futebol (SAF), tem o potencial de transformar a gestão dos clubes e atrair investimentos. Este trabalho analisa a governança corporativa nos clubes de futebol brasileiros, com foco na comparação entre aqueles que adotaram o modelo Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e os que operam no modelo associativo tradicional, visando identificar diferenças significativas nos níveis de governança e sua influência na gestão dos clubes. O estudo concentrou-se nos vinte principais clubes do Brasil, conforme o ranking da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), divididos entre aqueles que adotaram o modelo SAF e os que mantêm o modelo associativo. Foi desenvolvido um modelo para mensurar o índice de governança, utilizando seis indicadores principais: transparência financeira, estrutura organizacional, gestão de riscos e compliance, ética e conduta, sustentabilidade financeira e responsabilidade social corporativa. Através da análise e processamento dos dados, infere-se que não há tamanha discrepância entre os clubes, observando-se um cenário bastante heterogêneo, com uma alta concentração de clubes com práticas regulares de governança, enquanto outros exibem resultados mais avançados. Os principais achados indicam que a adoção de boas práticas de governança pode melhorar a profissionalização, a transparência e a gestão financeira dos clubes, além de potencialmente levar a melhores resultados esportivos. Embora os clubes SAF tenham mostrado um maior potencial para implementar práticas robustas de governança, clubes tradicionais também podem melhorar significativamente se investirem na profissionalização e em mecanismos de controle. Este trabalho abre caminho para futuras pesquisas sobre a governança corporativa no futebol brasileiro, aumentando o debate gerencial desse importante nicho para o setor brasileiro, incluindo análises comparativas em diferentes divisões e o impacto da governança no desempenho esportivo.