Estudo entre os efeitos da infecção por Sars-Cov-2 e características da morfologia placentária em um estudo de coorte multicentro e prospectivo – Proudest trial

Abstract

Em dezembro de 2019, em Wuhan, na China, vários casos de pneumonia causada por um vírus foram relatados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), doença essa que foi designada pela OMS como COVID-19. A epidemia local se espalhou rapidamente até ser classificada como pandemia global em março de 2020. A infecção se apresenta clinicamente de diversas formas, sendo sua apresentação clínica mais grave a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS). Como as gestantes, com base em outras pandemias com quadros respiratórios, apresentam alto risco de complicações e sequelas, quando sintomáticas, foram incluídas no grupo mais vulnerável. Tendo em vista os danos que gestantes e fetos podem sofrer, o objetivo deste estudo foi avaliar os achados histopatológicos das placentas de gestantes infectadas ou infectadas pelo SARS-CoV-2 em dois hospitais do Distrito Federal. Entre julho de 2020 e abril de 2021, foram analisadas 72 placentas de gestantes infectadas com SARS-CoV-2, previamente ou em fase aguda durante o trabalho de parto. As placentas foram encaminhadas para a Unidade de Anatomia Patológica imediatamente após o parto. Foram examinadas amostras de tecido a fresco e fixadas em formalina. O material foi processado e as lâminas coradas com hematoxilina e eosina. Todas as placentas foram analisadas de acordo com os Critérios de Amsterdam (2016). Foi realizada uma revisão dos prontuários dos pacientes e uma revisão da literatura. Dos prontuários médicos revisados de 72 gestantes diagnosticadas com SARS-CoV-2, 79,2% apresentaram sintomas leves, 9,7% moderados, 6,9% graves, 2,8% graves com óbitos maternos. Verificou-se que 63,9% apresentavam comorbidades. Do estudo anatomopatológico nas placentas, 17,8) maturação vilosa acelerada, e 2,6% arteriopatia decidual. Em nosso estudo, não houve evidência de efeito significativo do COVID-19 no crescimento fetal, apesar da maioria dos pesos placentários estar abaixo do 10º percentil. Os achados morfológicos e histopatológicos foram discretos e inespecíficos e não puderam ser diretamente correlacionados com uma possível transmissão vertical do vírus. Em conclusão, a infecção pelo vírus SARS-COV-2, COVID-19, pode estar associada a uma maior prevalência de lesões vasculares no estroma placentário materno neste estudo.