O impacto da utilização da Cistatina C na manutenção do esquema de terapia antirretroviral em pacientes com HIV do ambulatório de infectologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB)

Abstract

No Brasil, desde 2017, a terapia antirretroviral (TARV) de primeira linha é a combinação de tenofovir (TDF), lamivudina (3TC) e dolutegravir (DTG) para o tratamento das PVHIV, conforme preconizado pelo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos (PCDT). Estudos recentes sugerem que o uso prolongado do TDF pode levar a alterações renais em alguns pacientes, como diminuição da função renal e aumento do risco de doença renal crônica. Tais disfunções são capazes de gerar diminuição da taxa de filtração glomerular (TFG). Por outro lado, o DTG, do grupo dos inibidores da integrase (INI), possui fácil posologia, inibe os transportadores de creatinina nos túbulos renais e causa elevação dos níveis séricos de creatinina, sem provocar diminuição da TFG como o TDF. A partir disso, o objetivo deste estudo foi avaliar se o uso da cistatina C sérica como marcador de TFG permitiria evitar a troca antecipada de esquema de TARV nos PVHIV. Foi realizado um estudo de coorte retrospectivo, unicêntrico, observacional, com revisão de prontuário eletrônico de pacientes que acompanham no ambulatório de infectologia do HUB, abrangendo o período de 01 de março de 2021 até 30 de maio de 2023. Após análise, verificou-se que foi evitada troca antecipada de TARV em 74,54% dos pacientes avaliados. Além disso, foi realizada troca com maior exatidão em 25,45%. Foi observado maior porcentagem de comorbidades no grupo de pacientes com TARV modificada, sendo a principal comorbidade a dislipidemia representando 50% de prevalência neste grupo. Houve um predomínio do sexo masculino representando 94,5% da amostra estudada. Homens que fazem sexo com homens (HSH) representaram maior porcentagem com 74,5% do grupo avaliado. Este estudo fornece dados que corroboram com a literatura internacional sobre o uso da cistatina C sérica como ferramenta na diferenciação na alteração da TFG em PVHIV quando comparada apenas ao uso da creatinina sérica. Assim, o estudo apresenta indicadores importantes para melhorar o cuidado e seguimento desses pacientes na rotina médica ambulatorial.