Título: | A transcriação de Petits poèmes en prose : o fio da navalha da tradução da prosa poética e sua “letra” |
Autor(es): | Montagner, Miguel Angelo |
Orientador(es): | Almeida Filho, Eclair Antônio |
Assunto: | Inteligência artificial Modernismo (Literatura) Tradução - processo |
Data de apresentação: | 18-Set-2024 |
Data de publicação: | 8-Nov-2024 |
Referência: | MONTAGNER, Miguel Angelo. A transcriação de Petits poèmes en prose: o fio da navalha da tradução da prosa poética e sua “letra”. 2024. 176 f., il. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Letras - Tradução - Francês) — Universidade de Brasília, Brasília, 2024. |
Resumo: | O objeto desta Monografia de Final de Curso é um conjunto de poemas
do livro Petits poèmes em prose – PPP de Charles Baudelaire. A escolha foi feita pelo
tema ligado à visão que Baudelaire sobre os depauperados e desvalidos de Paris e a sua
postura em relação a eles, ou melhor, a visão de mundo do poeta sobre as estruturações
de classe na sociedade burguesa do fim de século XIX. Para efeito comparativo, foi feito
um mapeamento das traduções existentes, com o critério de exaustividade (livro
completo), publicado no Brasil por editora reconhecida, em língua portuguesa.
Encontramos quinze publicações e dez traduções: 1.Aristides Lobo (Paulo M. de
Oliveira) de 1937; 2. Aurélio Buarque em 1950, seguida de três reedições em diferentes
editoras, mais uma última em 1995 pela editora Nova Aguilar; 3. Dorothée de Bruchard
em 1988, reeditada em 2011; 4. Leda Tenório da Motta em 1995; 5.Gilson Maurity em
2006; 6. Oleg Almeida em 2010; 7. Milton Lins em 2010; 8. Alessandro Zir em 2016; 9.
Isadora Petry e Eduardo Veras em 2018; e 10. Samuel Titan Jr, em 2020. Analisou-se os
paratextos das edições, em busca de indícios ou explicações sobre o projeto de escrita do
tradutor; para compor o projeto de tradução de cada tradutor, realizamos por escrito uma
entrevista solicitada aos seis tradutores vivos, dos quais quatro responderam. Realizou-se
uma busca documental de textos ou artigos dos tradutores sobre suas traduções. Além
disso, foi realizado um experimento com Inteligência Artificial - o ChatGPT 3.5,
solicitando a tradução dos mesmos dois poemas e seu “projeto de tradução”, incluindo o
resultado nas comparações. Foi realizada uma tradução comentada dos poemas ligados
ao conceito de classe ou estamento social, que apresentasse as pessoas oriundas destes
estamentos desfavorecidos: 1. “XV – Le Gâteau” e 2. “XLIX – Assommons les Pauvres
!”. Neles ressaltou-se as questões e aspectos que se sobressaíram em vista da fortuna
crítica sobre a obra de Baudelaire e das traduções apontadas. Conclui-se que as traduções
dos PPP podem ser divididas em três fases: pioneira, com a tradução de Aristides Lobo e
Aurélio Buarque, até 1950; a tradicional que vai até 1994 e incorpora a tradução de
Dorothée de Bruchard; e por fim, a fase moderna, pós “redescoberta” dos PPP pela crítica,
de 1995 até os dias de hoje, com sete novas traduções, totalizando 10 traduções ao total.
Corroboramos que a analítica das traduções se torna mais rica e profícua ao se utilizar o
método comparativo entre muitas delas. A teoria prática de Antoine Berman mostrou-se
eficaz ao sugerir a noção de zonas textuais problemáticas ou miraculosas, além do seu
aporte teórico. Constatou-se várias destas zonas, sejam positiva ou negativamente, com
unanimidades inexplicáveis. A tradução do ChatGPT3.5 propiciou a constatação que lhe
falta justamente a coerência de uma “projeto” ou objetivo estilístico. Os paratextos
serviram como meio de comparação das traduções existentes mas nem sempre foram
eficazes ou suficientes, dado que muitos livros sequer mencionavam o tradutor ou lhe
forneciam um espaço adequado. No caso de apresentação de um autor brasileiro em outra
cultura, na qual se multiplicam os sinais de introdução em outra cultura, pode ser que os
paratextos funcionem melhor. Conclui-se que resta a realizar uma tradução atualizada dos
poemas em prosa do autor, sobretudo na linha de uma transcriação de fato e liberta do
texto original. |
Abstract: | Le sujet de cette monographie de fin d'études est un ensemble de poèmes tirés
du livre Petits poèmes en prose - PPP de Charles Baudelaire. Il a été choisi en raison du
thème lié au regard de Baudelaire sur les déshérités et les indigents de Paris et à son
attitude à leur égard, ou plutôt, à la vision du monde du poète sur les structures de classe
de la société bourgeoise à la fin du 19e siècle. À des fins de comparaison, nous avons
recensé les traductions existantes, en utilisant le critère de l'exhaustivité (livre complet),
publiées au Brésil par un éditeur reconnu en portugais. Nous avons trouvé quinze
publications et dix traductions : 1. Aristides Lobo (Paulo M. de Oliveira) en 1937 ; 2.
Aurélio Buarque en 1950, suivi de trois rééditions chez différents éditeurs, plus une
dernière en 1995 chez Nova Aguilar ; 3. Dorothée de Bruchard en 1988, rééditée en 2011
; 4. Leda Tenório da Motta en 1995 ; 5. Gilson Maurity en 2006 ; 6. Oleg Almeida en
2010 ; 7. Milton Lins en 2010 ; 8. Alessandro Zir en 2016 ; 9. Isadora Petry et Eduardo
Veras en 2018 ; et 10. Samuel Titan Jr, en 2020. Nous avons analysé les paratextes des
éditions, à la recherche d'indices ou d'explications sur le projet d'écriture du traducteur ;
pour composer le projet de traduction de chaque traducteur, nous avons réalisé un
entretien écrit avec les six traducteurs vivants, dont quatre ont répondu. Nous avons
effectué une recherche documentaire de textes ou d'articles des traducteurs sur leurs
traductions. En outre, une expérience a été menée avec l'Intelligence Artificielle -
ChatGPT 3.5, demandant la traduction des deux mêmes poèmes et de leur « projet de
traduction », en incluant le résultat dans les comparaisons. Les poèmes liés au concept de
classe ou de couche sociale, mettant en scène des personnes issues de ces milieux
défavorisés, ont fait l'objet d'une traduction annotée : 1. « XV - Le Gâteau » et 2. « XLIX
- Assommons les Pauvres ! ». Ils ont mis en évidence les questions et les aspects qui
ressortent de la fortune critique de l'œuvre de Baudelaire et des traductions signalées. La
conclusion est que les traductions du PPP peuvent être divisées en trois phases : la phase
pionnière, avec les traductions d'Aristides Lobo et d'Aurélio Buarque jusqu'en 1950 ; la
phase traditionnelle, qui dure jusqu'en 1994 et comprend la traduction de Dorothée de
Bruchard ; et enfin, la phase moderne, après la « redécouverte » du PPP par la critique,
de 1995 à nos jours, avec sept nouvelles traductions, soit un total de 10 traductions. Nous
sommes d'accord pour dire que l'analyse des traductions devient plus riche et plus
fructueuse lorsque la méthode comparative est utilisée entre plusieurs d'entre elles. La
théorie pratique de Antoine Berman s'est avérée efficace pour suggérer la notion de zones
textuelles problématiques ou miraculeuses, en plus de son apport théorique. Plusieurs de
ces zones ont été trouvées, positivement ou négativement, avec une unanimité
inexplicable. La traduction du ChatGPT3.5 a permis de constater qu'il n'a pas la cohérence
d'un « projet » ou d'un objectif stylistique. Les paratextes ont servi à comparer les
traductions existantes, mais ils n'ont pas toujours été efficaces ou suffisants, car de
nombreux ouvrages ne mentionnent même pas le traducteur ou ne lui accordent pas
l'espace nécessaire. Dans le cas de la présentation d'un auteur brésilien dans une autre
culture, où les signes d'introduction dans une autre culture se multiplient, les paratextes
peuvent mieux fonctionner. La conclusion est qu'une traduction actualisée des poèmes en
prose de l'auteur reste à réaliser, surtout dans le sens d'une transcréation de fait et libérée
du texte original. |
Informações adicionais: | Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) — Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução, 2024. |
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Aparece na Coleção: | Letras - Tradução - Francês
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