Museu, memória e moda (os emes que evocam o passado) : as roupas de Getúlio Vargas no Museu da República

Abstract

Este trabalho tem como objetivo analisar a memória evocada por meio das roupas de Getúlio Vargas conservadas no Museu da República, sendo: o pijama, a cueca e o fardão. Para tanto, a pesquisa buscará perceber a moda como processo de pertencimento social e a roupa como documento histórico, entender o surgimento da moda no Brasil e os seus usos na sociedade da época, compreender a formação da memória e da identidade de Getúlio Vargas no imaginário social e refletir sobre a importância do processo de musealização e o papel dos museus na construção de narrativas historiográficas. A metodologia adotada foi a recuperação de informações nos jornais e revistas disponibilizados pela Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, além de pesquisa in loco no Museu da República, para levantamento de documentação histórica e institucional sobre as roupas. Foram importantes referenciais teóricos para a pesquisa: Gilles Lipovetsky, Gustavo Camargo; Joel Candau; Maria Cristina Volpi; Rosane Feijão; Roland Barthes; Ulpiano Meneses; Krzstof Pomian; Philipp Blom; Peter Stallybrass; Michel Foucault; Nicolau Sevcenko. Para a sua realização foi primordial o entendimento de conceitos, tais como: memória, identidade, moda, indumentária e museu. A hipótese a ser testada é a de que a roupa reflete contextos, enfatiza ideais, indica significados sociais e representa memórias que fabricam personalidades históricas. Por isso, podemos acreditar que as roupas de Getúlio Vargas sob a guarda do Museu da República personificam uma identidade específica do ex-presidente, construindo uma narrativa que mitifica a figura de Vargas como um homem culto, elegante e inteligente. Por fim, pretendeu-se com este trabalho contribuir para as pesquisas nas áreas de Museologia, Patrimônio, Memória e História, para que se possa pensar a função dos museus enquanto lugares de memórias que legitimam discursos, forjam identidades e recontam a História. Bem como o papel do museólogo enquanto profissional responsável pelos processos museais que conferem poder aos objetos por meio de sua musealização.