Avanços na compreensão da fisiopatologia do TDAH, tratamento e correlação com transtorno de uso de substâncias

Abstract

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento que atinge cerca de 7,6% das crianças até 12 anos. É caracterizado por sintomas de desatenção e/ou hiperatividade. A fisiopatologia do transtorno é multifatorial, não possuindo uma única causa universal. Uma das principais teorias sobre a causa do TDAH envolve o sistema dopaminérgico, responsável pela regulação de diversas funções cerebrais. Essa teoria é apoiada por estudos com modelos animais e estudos farmacológicos baseados no tratamento do transtorno com estimulantes. Ademais, a causa do transtorno também pode ser atrelada a fatores genéticos e ambientais. Ainda que não tenha sido identificado um gene específico cuja alteração leve ao aparecimento do transtorno, o TDAH possui um alto potencial de transferência hereditária. O diagnóstico do TDAH é feito a partir de informações advindas dos responsáveis pela criança e do próprio indivíduo, podendo ser feito através do uso de escalas de avaliação aplicadas pelo profissional responsável pelo diagnóstico. O tratamento é feito principalmente com medicamentos estimulantes, mas outras classes farmacológicas, como os inibidores seletivos da recaptação de noradrenalina (ISRN) e os agonistas alfa-2 adrenérgicos também podem ser utilizadas. O uso de substâncias é um problema mundial, bem como o transtorno por uso de substâncias (TUS), que acomete números crescentes de indivíduos nos últimos anos. O TUS é uma doença crônica relacionada ao sistema mesolímbico de recompensa, na qual neurônios dopaminérgicos são responsáveis pela sensação prazerosa causada da droga. A correlação entre o TDAH e o TUS tem sido bastante estudada, indicando que pacientes com TDAH possuem maior risco de desenvolver TUS e que há uma alta prevalência de TDAH em pacientes já diagnosticados com TUS. A relação neurobiológica entre os transtornos estuda a impulsividade presente em ambos, bem como fatores genéticos comuns. O tratamento do TDAH em pacientes com TUS pode ser feito com medicamentos estimulantes de liberação prolongada, diminuído assim o potencial uso indevido das formulações de liberação imediata. Esse tratamento, ainda na infância, reduz o risco de desenvolvimento de TUS ao longo da vida.