Estrutura, dinâmica e produção em volume e biomassa cima do solo da vegetação arbórea em área de cerradão

Abstract

O objetivo deste trabalho foi analisar e quantificar a dinâmica, as mudanças estruturais e de produção em volume e biomassa acima do solo do estrado arbóreo de uma área de cerradão, localizada no Parque Estadual do Lajeado (PEL), Tocantins (TO), Brasil. Foi realizado inventário florestal utilizando o método da área fixa e o processo de amostragem sistemática. Oito transeções com 20 metros de largura e comprimentos variados foram estabelecidas, com 60 metros de forma equidistante. Foram subdivididas em 50 parcelas, demarcadas permanentemente com estacas de ferro, de 400 m² (20 metros x 20 metros), totalizando 2,0 hectares amostrados. Dentro de cada parcela, foram identificadas todas as árvores, tanto vivas quanto mortas em pé, com diâmetro medido a 1,30 metros do solo (D) ≥ 5 cm, sendo mensurados o diâmetro à altura do peito e da altura total de todas as árvores amostradas. O diâmetro foi obtido por meio de uma suta, enquanto a altura foi medida utilizando um bastão ou régua telescópica de 15 m. Em termos estruturais, a análise fitossociológica foi baseada no Valor de Importância (VI%). Para avaliar se houve diferença significativa na distribuição dos indivíduos nas classes diamétricas, utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov (KS). A riqueza foi representada pelo número de espécies, gêneros e famílias registrado em cada período, e a diversidade e equabilidade também foram obtidas para cada período, a partir dos índices de Shannon-Weiner (H´) e de Pielou (J´), respectivamente. Os valores de H´ dos monitoramentos foram comparados por meio do Teste t de Hutcheson. A suficiência amostral para riqueza e diversidade de espécies foi avaliada através da curva de rarefação e extrapolação, para q = 0 e 1, sendo que q representa um valor numérico que especifica a ordem de diversidade do número de Hill. Para análise da dinâmica da vegetação ao longo do período monitorado, foram considerados componentes: taxa de mortalidade, recrutamento e rotatividade (turnover) em função do número de árvores, e tempo de meia vida, de duplicação e de rotatividade. A produção em volume foi obtida através de equação ajustada para a área e a biomassa aérea por meio de modelo pantropical. Segundo o Valor de Importância (VI%), em 2023, Emmotum nitens, Myrcia fenzliana e Tapirira guianensis foram as espécies mais importantes da área estudada. T. guianensis manteve sua posição em todos os anos monitorados. Em riqueza de espécies, há predomínio das famílias Fabaceae, Chrysobalanaceae e Malpighiaceae, especialmente da primeira. Em abundância, Myrtaceae liderou todos os anos monitorados, mesmo com redução desse parâmetro. Em média, a diversidade e equabilidade da comunidade foram de 3,33 e 0,77, respectivamente. Para os períodos 2012-2020 e 2020-2023, foram registradas taxas de recrutamento de 2,90 e 4,34% ano-1 , respectivamente, superando as taxas de mortalidade que foram de 2,57 e 2,64% ano-1 , para os mesmos períodos citados. Resultando em 3,12% ano-1 para taxa média de reposição global (turnover). Esse desbalanço implicou em tempo de meia vida (26,2 anos) maior que o tempo de duplicação (20,3 anos), resultando em mudanças positivas para comunidade. A produção total em volume e biomassa foi de: 121,47 , 145,75 e 160,91 m³ ha-1 e 84,04 , 104,60 e 118,10 Mg ha-1 para os anos de 2012, 2020 e 2023, respectivamente. E. nitens, apresentou ascensão em todos os aspectos fitossociológicos e de produção, partindo de 84 árv ha-1 e biomassa acima do solo de 11,5 Mg ha-1 em 2012, para 112 árv ha-1 e 24,5 Mg ha-1 (~20% do valor total para a comunidade) em 2023. Com relação ao volume, no último ano, apresentou mais de 25 m³ ha-1 (~15% do valor total da comunidade). Emmotum nitens, Mezilaurus itauba, Ocotea canaliculata e Sacoglottis guianensis destacaram-se por apresentar os maiores valores de incremento periódico anual tanto para volume (IPAV) quanto para biomassa aérea (IPAW). Em termos de comunidade esses valores foram em média de 4,04 m³ ha-1 ano-1 para o volume e 3,54 Mg ha-1 ano-1 . Elevado estoque pode estar relacionado a localização da área na Zona de Transição Amazônia-Cerrado (CAT)