Desempenho de espécies tropicais brasileiras submetidas a ensaios de torno

Abstract

No presente trabalho foram realizados ensaios de torno em 34 espécies nativas do Bioma Amazônico, além de duas espécies nativas pertencentes à Mata Atlântica e três espécies exóticas. Foram relacionados os resultados obtidos do desempenho do acabamento superficial dos corpos de prova com os caracteres anatômicos e propriedades da madeira, como a densidade básica, orientação da grã, textura e porosidade. Para o teste de torno, foram confeccionadas 5 corpos de prova para cada espécie obedecendo às dimensões de 2 x 2 x 15cm (largura x espessura x comprimento), e o ensaio foi conduzido utilizando um torno mecânico com 2500 RPM, e uma fresa cujo perfil foi pré-estabelecido pela norma. Após o teste, foi realizada a caracterização dos defeitos encontrados e os corpos de prova foram avaliados por quatro pessoas distintas, considerando a norma ASTM D 1666-87. Das 39 espécies ensaiadas, 17 apresentaram bons resultados, em que a única espécie que obteve nota média igual a 1 foi a Chamaecrista scleroxylon, além disso, 19 espécies tiveram desempenho regular, com nota média 3, e as espécies Dipteryx odorata, Dipteryx magnifica apresentaram nota 4 (quatro) na avaliação do acabamento superficial, enquanto a espécie Sterculia excelsa foi a única que obteve nota média igual a 5 (cinco). Através do coeficiente de variação calculado para as avaliações realizadas, observou-se que a maioria das espécies apresentou coeficiente de variação médio, sugerindo uma dispersão moderada em relação à média, no entanto, algumas espécies se destacaram com coeficiente de variação considerado alto a muito alto, o que sugere uma heterogeneidade entre os corpos de prova. A correlação de Pearson revelou que a textura foi a variável mais significativa dentre as outras variáveis estudadas, demonstrando, a relação deste caractere com o desempenho obtido para o acabamento superficial. Com base nessa relação, foi possível confeccionar um modelo preditivo do acabamento superficial de espécies madeireiras utilizando os dados da textura e as avaliações obtidas após o ensaio de torno realizado nos corpos de prova, onde obteve-se um modelo com limitações, mas que funciona como uma ferramenta para previsão do desempenho frente a ensaios de torno.