Título: | Desfechos clínicos e obstétricos de mulheres acometidas pela COVID-19 no primeiro trimestre da gestação, atendidas no Hospital Universitário de Brasília |
Autor(es): | Ramos, Camille Caroline |
Orientador(es): | Zaconeta, Alberto Carlos Moreno |
Assunto: | covid-19 SARS-CoV-2 Gravidez Primeiro trimestre da gravidez Gestação |
Data de apresentação: | 2022 |
Data de publicação: | 28-Jun-2024 |
Referência: | ZACONETA, Camille Caroline. Desfechos clínicos e obstétricos de mulheres acometidas pela COVID-19 no primeiro trimestre da gestação, atendidas no Hospital Universitário de Brasília. 2022. 82 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ginecologia e Obstetrícia) — Universidade de Brasília, Brasília, 2022. |
Resumo: | A COVID-19, doença causada pelo vírus SARS-CoV-2, rapidamente alastrou-se a nível mundial,
sendo oficialmente declarada pandemia em março de 2020, e despertando preocupações
específicas quanto às gestantes, reconhecidamente mais susceptíveis a quadros graves de infecções
virais. Também, a possibilidade de comprometimento fetal e de aumento de complicações
obstétricas motivou estudos em todo o mundo. Poucas informações, no entanto, estão disponíveis
sobre o impacto da infecção por SARS-CoV-2 durante o primeiro trimestre de gestação. Assim,
esse estudo objetiva apresentar os desfechos clínicos e obstétricos de uma coorte de pacientes
diagnosticadas com COVID-19 no primeiro trimestre de gestação, e comparar os resultados
àqueles encontrados em revisão de literatura. Para tanto, foram utilizadas duas metodologias: uma
revisão de literatura e um estudo observacional descritivo do tipo longitudinal. A revisão de
literatura foi estruturada por meio de pergunta “PECO” (P: Gestantes no curso do primeiro
trimestre de gestação; E: infecção por COVID-19; C: não se aplica; O: Todos os desfechos
obstétricos e perinatais encontrados). A busca foi realizada em três bases de dados (PubMed,
Embase e Cochrane Library). Os resultados da revisão foram resumidos em síntese de evidências.
Por sua vez, o estudo longitudinal é parte de uma coorte prospectiva multicêntrica - o estudo
PROUDEST -, que acompanhará gestantes expostas ao COVID-19 durante a gestação, em
qualquer idade gestacional, e seus respectivos filhos durante o período de 5 anos, visando avaliar
os efeitos da COVID-19 nessa população. A partir desse grupo amostral, foram identificadas as
gestantes com diagnóstico de COVID-19 no primeiro trimestre, confirmado por RT-PCR, sobre as
quais foram apresentados os desfechos clínicos e gestacionais das mães e dos neonatos. Após
aplicação dos critérios de elegibilidade, 28 estudos foram incluídos na revisão de literatura,
caracterizando-se por grande heterogeneidade. Foram registrados nove estudos de coorte, seis
relatos e seis séries de caso, três estudos caso-controle, três revisões e um estudo transversal. A
maior parte dos estudos apresentou pacientes com quadro leve ou moderado da doença, sendo
descrito óbito materno em apenas uma publicação (um caso). Alguns estudos descreveram
evolução com abortamento, incluindo dois que identificaram presença viral nos tecidos fetais e
placentários, comprovando a possibilidade de transmissão vertical, porém estudos de coorte e
caso-controle não observaram aumento de incidência dessa complicação. Também não foi
observada correlação da doença com malformações fetais ou desfecho obstétrico ou neonatal
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desfavorável. O estudo longitudinal, por sua vez, acompanhou os desfechos de 39 pacientes,
encontrando prevalência de síndromes hipertensivas na gestação de 23,1%, restrição de
crescimento intrauterino de 7,7%, e 0,8% de prematuridade. Não foi registrado aumento de
complicações fetais e neonatais relacionadas à COVID-19. Os dados encontrados indicam que,
embora haja plausibilidade biológica de transmissão vertical e de comprometimento da função
placentária, a infecção por coronavírus não parece associar-se a aumento de risco de comorbidades
obstétricas ou neonatais. Estudos de melhor qualidade de evidência ainda são necessários para
consolidação desses resultados, bem como o acompanhamento das novas variantes virais e do
desenvolvimento infantil nos primeiros anos de vida. |
Abstract: | COVID-19, a disease caused by the SARS-CoV-2 virus, quickly spread worldwide, being
officially declared a pandemic in March 2020, and raising specific concerns about pregnant
women, known to be more susceptible to serious viral infections. Also, the possibility of fetal
impairment and increased obstetric complications motivated studies worldwide. Little
information, however, is available on the impact of SARS-CoV-2 infection during the first
trimester of pregnancy. Thus, this study aims to present the clinical and obstetric outcomes of a
cohort of patients diagnosed with COVID-19 in the first trimester of pregnancy and compare the
results to those found in a literature review. Therefore, two methodologies were used: a literature
review and a descriptive observational study of the longitudinal type. The literature review was
structured using the question “PECO” (P: Pregnant women during the first trimester of pregnancy;
E: COVID-19 infection; C: not applicable; O: All obstetric and perinatal outcomes found). The
search was performed in three databases (PubMed, Embase and Cochrane Library). The results of
the review were compiled in the summary of evidence. In turn, the longitudinal study is part of a
multicenter prospective cohort - the PROUDEST study - which will monitor pregnant women
exposed to COVID-19 during pregnancy, at any gestational age, and their respective children
during the 5-year period, aiming to evaluate the effects of COVID-19 on this population. From
this sample group, pregnant women diagnosed with COVID-19 in the first trimester were
identified, confirmed by RT-PCR, on which the clinical and gestational outcomes of mothers and
newborns were presented. After applying the eligibility criteria, 28 studies were included in the
literature review, characterized by great heterogeneity. Nine cohort studies, six reports and six case
series, three case-control studies, three reviews and one cross-sectional study were recorded. Most
studies presented patients with mild or moderate disease, and maternal death was described in only
one publication (one case). Some studies have described evolution with abortion, including two
that identified viral presence in fetal and placental tissues, proving the possibility of vertical
transmission, but cohort and case-control studies have not observed an increased incidence of this
complication. There was also no correlation between the disease and fetal malformations or
unfavorable obstetric or neonatal outcome. The longitudinal study, in turn, followed the outcomes
of 39 patients, finding a prevalence of hypertensive syndromes during pregnancy of 23.1%,
intrauterine growth restriction of 7.7%, and 0.8% of prematurity. There was no increase in fetal
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and neonatal complications related to COVID-19. The data found allow us to conclude that,
although there is biological plausibility of vertical transmission and impairment of placental
function, coronavirus infection does not seem to be associated with an increased risk of obstetric
or neonatal comorbidities. Studies of better quality of evidence are still needed to consolidate these
results, as well as the monitoring of new viral variants and child development in the first years of
life. |
Informações adicionais: | Trabalho de Conclusão de Curso (especialização) — Universidade de Brasília, Faculdade de Medicina, Programa de Residência Médica HUB/UnB, Curso de Especialização em Residência Médica - Ginecologia e Obstetrícia, 2022. |
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