O retorno do Brasil ao mapa da fome : investigando suas raízes econômicas

Abstract

Esta monografia examina as origens da insegurança alimentar no Brasil sob as perspectivas das escolas econômicas ortodoxas e heterodoxas, motivada pela reentrada do Brasil no Mapa da Fome da FAO somado às alarmantes estatísticas nacionais da Vigilância Sanitária (VIGISAN) e do site "Olhe para a Fome". Para isso, busca-se apresentar o confronto teórico da eficiência do mercado e a redução da intervenção estatal preconizadas pela literatura econômica ortodoxa com a perspectiva heterodoxa das escolas keynesiana e marxista, que defende a participação ativa do Estado no que tange questões sociais, como a insegurança alimentar. Analisa-se dados que representam a inflexão da condução econômica durante este período para um modelo neoliberal, marcado por políticas ortodoxas e primazia do mercado. Dessa maneira, o trabalho apresenta as políticas públicas criadas ou descontinuadas neste período, identificando o caráter mais ou menos ortodoxo delas, bem como seus resultados econômicos e sociais. Para análise de dados de insegurança alimentar foram consideradas estatísticas de órgãos nacionais como o IBGE e MDS, destacando a relevância de organizações internacionais, como a FAO, que elabora os resultados de insegurança alimentar global e os consolida no chamado Mapa da Fome. O estudo teve como principal resultado a necessidade de retomar e criar políticas públicas em que o Estado tenha papel ativo para que Brasil deixe definitivamente de integrar o Mapa da Fome. Por fim, explicita-se a maneira heterogênea que o problema afeta a sociedade brasileira, que impacta mais severamente populações residentes em áreas rurais e população negra, como demonstrados pelos dados da VIGISAN e PNAD.