Prescrição medicamentosa ajustada à taxa de filtração glomerular em pacientes transplantados renais

Abstract

Introdução: Mesmo após o transplante do rim, é possível que a filtração glomerular não se equipare à de um indivíduo sem comprometimento renal e um recurso para monitorar o desempenho do enxerto é o cálculo da Taxa de Filtração Glomerular (TFG). Neste sentido, conhecer a TFG é essencial para identificar quadros em que se faz necessário ajuste da prescrição medicamentosa de acordo com a função renal. Objetivo: Determinar a necessidade de adequação das doses prescritas de medicamentos à função renal em pacientes transplantados de rim. Método: Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal, baseado na análise documental da última consulta de pacientes transplantados renais, que são atendidos pelo serviço de Farmácia Clínica, registrada pela equipe médica do ambulatório de um hospital universitário. Resultados: Foram incluídos 211 pacientes ao estudo. Houve uma predominância de homens (59,2%), com idade entre 17 e 78 anos. A maior parte dos transplantes foi via doadores falecidos (81%) e a mediana do tempo de transplante foi de 6 anos. Considerando todos medicamentos em uso, verificou-se que em média os pacientes utilizam 8 medicamentos, sendo imunossupressores, medicamentos cardiovasculares e para síndromes metabólicas os mais utilizados. As médias dos valores de creatinina sérica e ureia foram consideradas acima do padrão de normalidade, assim como a mediana da TFG abaixo do recomendado. Destes pacientes 60,2% são classificados em estágios de doença renal crônica abaixo do estágio 3a (TFG<60mL/min/1,73m²), dos quais 5,7% apresentam comprometimento renal severo (TFG<15mL/min/1,73m²). Dos medicamentos aprazados classificados com risco renal, verificou-se que 32,5% dos casos necessitam ajustar a farmacoterapia. Destes medicamentos identificados, faz-se necessário a correção da dose de alguns pacientes em uso de ciprofibrato, dapaglifozina, fluoxetina, gliclazida, metformina, nitrofurantoína, rosuvastatina e sinvastatina. Conclusão: Reitera-se a importância de monitorar as prescrições medicamentosas em pacientes transplantados renais e adaptá-las conforme o funcionamento dos rins de cada indivíduo, visando contribuir para qualidade de vida do receptor e o desempenho do enxerto. Os achados poderão auxiliar a equipe de cuidado no manejo farmacoterapêutico dos pacientes de forma individualizada.