Currículo, experiência acadêmica e formação profissional : as empresas juniores dos cursos de Ciências Sociais sob as palavras de seus egressos

Abstract

Esse trabalho origina-se das angústias que perpassam as experiências de graduandos em ciências sociais que comumente nutrem expectativas profissionais pouco promissoras a partir da conquista do diploma. Mesmo cursando uma formação pautada pelo desenvolvimento de saberes teóricos interdisciplinares e por uma sólida orientação crítico- analítica, percebe-se a permanência de uma recorrente noção de que as ciências sociais direcionariam seus egressos a apenas dois caminhos laborais, que enfrentariam dificuldades na busca por espaço no mercado de trabalho caso optassem por outras alternativas. Nesta monografia, a vontade de investigar os processos de inserção profissional de cientistas sociais extra-acadêmicos tomou as empresas juniores, organizações geridas por estudantes de graduação, como ponto de partida. Tal escolha metodológica se deu a partir do entendimento de que esses espaços se constituem enquanto conexões diretas entre o mercado e a universidade. Assim, foram entrevistados nove egressos anteriormente vinculados às quatro organizações juniores de ciências sociais mais antigas em funcionamento no país a fim de compreender suas percepções sobre a formação cursada, traçar suas experiências enquanto integrantes dessas empresas e entender as possíveis implicações que os aprendizados construídos durante a graduação tiveram em suas posteriores carreiras profissionais. A partir da análise de conteúdo desses relatos, foi possível constatar que os participantes compreendem a formação cursada a partir de perspectivas positivas, mas salientam algumas lacunas de aprendizagem. Além disso, afirmam os diversos benefícios que a experiência de integrar uma empresa júnior teria implicado em suas trajetórias, mas ressaltam a má reputação dessas organizações perante outras instâncias do curso em virtude do estabelecimento de uma noção hegemônica nociva de empreendedorismo. Por fim, ainda que o estudo não tenha tido caráter representativo, as entrevistas permitiram entender o modo como as carreiras profissionais de cientistas sociais extra-acadêmicos, ainda que sejam marcadas por uma série de obstáculos, podem ser bem-sucedidas.