Resumo: | Nas próximas páginas pretendo desenvolver um memorial que busca pelos
desdobramentos epistemológicos da minha pesquisa poética sobre linguagem
fotográfica, conceitos contemporâneos da fotografia na arte, fotogravura,
fotoperformance, registro, dispositivo e relações de estranhamento entre foto e
realidade.
Neste ensaio traço caminhos, não cronológicos, que ilustram como o
processo de cada trabalho desenvolvido ao longo da minha trajetória acadêmica
influenciou insights pontuais da minha poética e pesquisa artística. Trato tanto das
influências literárias, cinematográficas e artísticas como as influências da prática em
si. Propondo um caminho do paradigma indiciário que procura transcrever o
resultado dado pela experiência empírica de lidar com a materialidade de cada
processo prático.
Se trata um corpo de texto e imagens que parte da obra e retorna a ela com
a proposta de criar análise sobre a trajetória do gesto empregado à mesma. no
entanto, proponho pensar a historiografia da fotografia, entendendo a fotografia
como uma postura contemporânea para o vestígio (material, suporte, etc.) dentro da
minha produção artística. Busco, assim, fazer referência aos movimentos
construtivista e neoconcretista trazendo à tona o uso da fotografia no sentido de
enxergar a luz como o próprio material de estudo e abordando ela em processos
como o da pintura, gravura e cianotipia.
Neste trajeto, muitas vezes, trato a fotografia como fotoperformance, ou foto
como função de registro de uma intervenção ou gesto, e a luz como elemento me
direciona para essa performance dos objetos dos espaços e do corpo: A foto que se
configura como registro ou documentação de uma noção curiosa e atenta da
performance da luz sobre a matéria. A materialidade da luz termina por se tornar um
elemento guia, um fio dourado, que me leva à curiosidade material e poética desses
caminhos labirínticos.
No entanto, trata-se de um texto com caráter poético e não teórico, apesar de
perpassar muitos campos e conceitos da teoria, não propõe ser uma teoria
autônoma, e sim, mais uma parte do meu processo de produção. Com isso, viajo
dentre os hibridismos práticos e poéticos que me foram possibilitados dentro da
vivência acadêmica e de um cotidiano encantado. |