Aquisição sísmica na Paleolaguna Holocênica da Plataforma Continental de Abrolhos

Abstract

A plataforma continental brasileira apresenta uma das suas maiores extensões na região do Arquipélago de Abrolhos, a qual estende-se desde o paralelo de 17°S até 20°S e apresenta largura que atinge 246 km. Durante a última regressão marinha, associada com o último máximo glacial que ocorreu há cerca de 18 mil anos, o nível do mar encontrava-se cerca de 120 - 130 m abaixo do atual, o que determinou exposição subaérea da Plataforma de Abrolhos. Durante os sucessivos ciclos transgressivo-regressivos este trecho da plataforma recebeu sedimentação tanto de tipo carbonática quanto siliciclástica, formando um dos maiores exemplos de sistemas deposicionais tropicais mistos, combinando desenvolvimento de recifes coralígenos com input de sedimentos terrígenos ao longo da plataforma interna. O substrato da região data do Cretáceo Superior e a atual morfologia é sucessão de um complexo vulcânico subjacente. A região de Abrolhos vem sendo estudada a fim de identificar modificações ambientais implantadas durante o processo de subida do nível do mar pós UMG (Último Máximo Glacial) na plataforma continental leste brasileira. A presente pesquisa está centrada na aplicação do método da sísmica de reflexão para caracterização da geometria das estruturas sedimentares da plataforma de Abrolhos. A estratigrafia sísmica de alta resolução tem sido o principal método de investigação de ambientes sedimentares rasos, permitindo individualizar as unidades estratigráficas relevantes para caracterizar estruturas relacionadas com processos sedimentares na plataforma continental. No decorrer da aquisição sísmica foram adquiridos ~585 Km de dados sísmicos monocanal de alta resolução ao longo de 7 linhas, dispostas ao longo dos bancos, aos eixos dos vales não preenchidos do Canal Besnard, assim como em setores mais internos da Depressão de Abrolhos. Na presente pesquisa foram definidas 4 superfícies erosivas associadas a eventos de glaciação anteriores (S1 possivelmente superfície de transgressão máxima, S2 referente ao UMG –estágio de regressão marinha - 2, S3 – estágio de regressão marinha 6, S4 – estágio estágio de regressão marinha 8) e 4 sequências com base nestas superfícies, na definição de fácies sísmicas presentes na região e na configuração de refletores de cada uma delas. Os dados apresentados neste trabalho possuem relevância quanto à investigação da geometria dos depósitos sedimentares holocênicos na Plataforma de Abrolhos, contribuição com o reconhecimento dos estágios de evolução paleogeográfica da Plataforma de Abrolhos, desde o primeiro estágio de incursão marinha até a fase atual.