Formação Continuada de Professores Alfabetizadores no Brasil : (des)caminhos impostos pelo Programa Tempo de Aprender

Abstract

O presente estudo analisou as concepções epistemológicas e didáticas para o campo da alfabetização no programa Tempo de Aprender (BRASIL, 2020) e concepções docentes a respeito dessa política. Pretendeu responder a seguinte pergunta: Quais as concepções de alfabetização e letramento presentes no documento, bem como nas narrativas de uma docente atuante no bloco inicial de alfabetização? Para discussão teórica, o estudo ancorou-se em autores/as, tais como: Morais (2015; 2019; 2020); Soares (2004; 2020) e Mortatti (2019; 2020), entre outros, para o debate em torno dos campos da alfabetização e do letramento. No eixo da formação continuada, a pesquisa contou com contribuições de autores/as como: Pimenta (1999); Ribas (1999); Frade (2005) e Veiga (2009), entre outros. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada no segundo semestre de 2022 e concluída no primeiro semestre de 2023. Contou com a análise documental do Programa Tempo de Aprender (2020), bem como de entrevista semiestruturada com uma docente atuante na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, em 2023. O tratamento dos dados foi conduzido por meio da análise de conteúdo temática orientada por Bardin (1977) e Franco (1998). Os resultados apontaram que o Programa assume o método fônico como o mais eficaz para garantir a alfabetização das crianças, o que se considera um retrocesso frente às contribuições que vem sendo tecidas por professores pesquisadores renomados no Brasil, cuja defesa é pela perspectiva de alfabetizar letrando, de modo que, até o terceiro ano do ensino fundamental, a criança tenha se apropriado da leitura e da escrita alfabética em concomitância com a linguagem presente nos diversos tipos e gêneros textuais. Essa perspectiva, inclusive, foi a defesa da professora entrevistada que vai na contramão do defendido pelo programa Tempo de Aprender.