Uso da turbidez como indicador ambiental: implicações para a gestão da qualidade da água

Abstract

As alterações nas formas de uso do solo afetam diretamente as características de uma bacia hidrográfica, ameaçando a segurança hídrica. Assim, provocam diversos impactos que se tornam nocivos ao ambiente, como por exemplo, o aceleramento dos processos erosivos. O regime de chuvas aliado ao aumento do escoamento superficial, além da supressão da vegetação e exposição do solo, provocam um aumento da quantidade de sedimentos em suspensão no corpo d'água. Isso implica no aumento da turbidez, servindo esta, como um indicador de uso do solo. Portanto, o presente trabalho avaliou a turbidez na captação do rio Maranhão, responsável pelo abastecimento de Planaltina-GO, durante um mês seco (Julho de 2019) e outro chuvoso (Abril de 2019), afim de fazer inferências sobre a dinâmica de uso do solo na bacia e suas conseqüências para a gestão ambiental local. As médias diárias de turbidez foram cruzadas com médias diárias de precipitação para verificação de uma possível interferência dos eventos pluviais sobre o índice de turbidez. A estação seca apresentou uma turbidez média de 5,79 ± 1,09 NTU, enquanto o período chuvoso apresentou média de 76,72 ± de 201,24 NTU (média ± desvio padrão), apresentando diferença significativa entre os meses (p < 0,0001). Isto causa alterações significativas no aspecto visível da água, tornando-a turva durante a chuva e límpida durante a seca. Assim, além de demonstrar este tipo de impacto, o aumento da turbidez também implica em maiores gastos com coagulantes durante o tratamento da água. Tendo em vista que a área de estudo vem sofrendo pressões de atividades de mineração e agropecuária, torna-se necessária a ação conjunta de órgãos ambientais, comunidade e governo para promover medidas que mitigassem estes impactos. Recomenda-se então a adoção de práticas alternativas de produção sistema de plantio direto (SPD), plantio seguindo curvas de nível, uso te terraceamentos, além da adoção de programas de recuperação de solo e água, como o Programa Produtor de Águas, já existente na SANEAGO em bacias de maior porte. Já em relação a mineração, recomenda-se maior rigor na elaboração e execução dos estudos de impacto ambiental, além da maior fiscalização dos órgãos ambientais.