Resumo: | Esta monografia procura investigar as relações entre individualidade e coletividade na Educação do Campo. A valorização da coletividade pelos movimentos sociais ligados aos povos do campo, associada à necessidade imposta pelas difíceis condições de vida nas áreas rurais, promove entre os sujeitos do campo um nível de coletivização elevado. No entanto, isso ocorre em um contexto histórico marcado pela crescente individualização, conforme atesta a Sociologia contemporânea. As vozes do campo, na forma de entrevistas, chamadas a ilustrar suas realidades aqui, dialogaram com o referencial teórico da modernidade reflexiva. Os efeitos das mudanças recentes na estrutura familiar, no papel social destinado à mulher, na relação com o conhecimento e com as tradições, podem ser percebidos no campo também. Os sujeitos entrevistados demonstram, predominantemente, que as relações de coletividade que eles desejam estabelecer incluem o respeito às individualidades. A expectativa é por uma coletividade baseada na solidariedade, na afinidade e na afetividade. O desencantamento com a política tem abalado a relação com os movimentos sociais, estimulado o estabelecimento de outras conexões mais satisfatórias. Mas essas novas conexões não parecem ter sido percebidas ainda como a possibilidade de uma forma inovadora de fazer política, como sugerem Beck e Giddens. Talvez caiba aos movimentos sociais modernos estabelecer uma relação dialógica e estimulante com os militantes, considerando suas individualidades. A coletividade, necessária à amplificação das demandas sociais, tende a ganhar complexidade e, portanto, consistência, dialogar com as particularidades e expectativas individuais. |