Processo de trabalho do serviço de farmácia clínica hospitalar na área de ortopedia : um estudo baseado em dados de um hospital público do Distrito Federal

Abstract

Objetivo: revisar o processo de trabalho de farmacêuticos clínicos atuantes no setor de ortopedia em um hospital do Distrito Federal com base no serviço desenvolvido. Métodos: Para isso o estudo desenvolveu-se em duas etapas, a primeira com delineamento transversal foi realizada com base na análise documental dos registros farmacêuticos do Núcleo de Farmácia Clínica do Hospital Regional de Taguatinga. A coleta de dados refere-se aos meses de maio e junho de 2022, sendo incluídos 60,2% dos pacientes atendidos no período. Foram coletadas informações sobre a idade, sexo, parâmetros clínicos, uso de medicamentos e as intervenções realizadas. A segunda baseou-se na revisão do processo de trabalho desenvolvido com base nos achados desta pesquisa. Este trabalho possui aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa sob o certificado 58120322.0.0000.5553. Resultados: Foram incluídos na primeira etapa 106 pacientes, destes 64,2% são homens e a idade variou de 14 a 97 anos (média= 51,9; SD=19,9). As causas mais comuns de internação foram quedas (n=31), traumas por acidentes automobilístico (n=18) e diabetes (n=9). Houve registro de 11,8% de fraturas expostas. Dos internados, 45,3% possuíam registro de outras comorbidades, sendo as mais comuns a hipertensão arterial sistêmica (23,6%) e diabetes mellitus (20,7%). Além disso, seis pacientes possuíam registros anteriores de amputação relacionada ao diabetes. Quanto à vigilância dos exames laboratoriais, destaca-se alteração para 23,5% dos pacientes relacionados aos leucócitos, 23,3% para plaquetas, 46,2% para glicemia, além disso, 21,7% havia registro de exames microbiológicos. Todos os pacientes possuíam prescrição de analgésicos (100,0%), sendo os mais comuns aqueles opioides; 54,7% tiveram prescrição de anticoagulantes; 47,2% de antimicrobianos; 38,7% de protetores gástricos; 25,5% de antidiabéticos; 77,4% de antieméticos; 30,2% de anti-hipertensivos; 24,5% de psicotrópicos. Dos pacientes observados, 94,3% tiveram considerações farmacêuticas nos registros, sendo as mais frequentes: a necessidade de identificar junto aos pacientes (beira leito) as queixas (36,8% dos pacientes); sugerir inclusão de medicamentos (16,0%), sugerir suspensão de medicamentos (13,2%); sinalizar piora dos parâmetros laboratoriais (10,4%) e verificar o grau de analgesia do paciente (8,5%). Quanto ao processo de trabalho, validou-se aquele descrito anteriormente, mantendo as etapas de acolhimento, coleta de dados, avaliação do paciente, intervenções, análise dos resultados e documentação. Além disso, observou-se que há a necessidade de monitoramento da função renal e dos sinais e sintomas, em especial da febre, dor, enjoo, vômitos e constipação intestinal. Também se verificou que se deve adotar instrumentos validados para avaliação da dor e do risco de tromboembolismo, assim como a avaliação dos resultados das intervenções analisadas. Conclusão: Os medicamentos concentram-se entre os analgésicos, antimicrobianos, anticoagulantes, conforme a literatura e ainda se destaca os antieméticos e antiulcerosos, além dos medicamentos para as comorbidades. O farmacêutico tem atuado de forma ativa com estes pacientes, em especial, na análise da analgesia e na avaliação da inclusão e exclusão de medicamentos. A definição do processo de trabalho e das informações a serem monitoradas no cuidado farmacêutico aos pacientes ortopédicos permite um cuidado mais uniforme e integral por parte do núcleo de farmácia clínica.