Eu fantástica : um autorretrato ficcional

Abstract

Este trabalho, escrito em primeira pessoa, parte do conceito de autobiografia ficcional para pensar e desenvolver uma metodologia de criação de autorretratos. Inicialmente vou delinear aspectos pessoais da minha trajetória de formação em busca de desenhar um percurso de modo que possa dialogar com a educação e com as artes performáticas. A noção de autobiografia aqui desenvolvida não é a literária, mas sim aquela que se estabelece como ponto de partida de processos criativos autoficcionais. Isto é, como abordar as potências criativas, pedagógicas, ficcionais e performáticas ao experimentar a autobiografia como mote criador? Procura reestabelecer um paralelo, entre o realismo fantástico e a performance arte, em uma tangente dissonante e insólita, que possa acionar a criação estética de autorretratos e que será desenvolvida no relato da oficina Eu Fantástico, realizada durante a pesquisa. As definições de performance são apresentadas aqui a partir dos entendimentos de Eleonora Fabião e Ana Bernstein. Metodologicamente fricciono a relação do eu-mundo e da realidade-fantasia e dialogo sobre as noções de identidade (Manuel Castells e Djamila Ribeiro) e assunção (Paulo Freire) para constituir um mapa referencial que sustenta as experiências pedagógicas e artísticas desenvolvidas no trabalho. Como a nossa capacidade inventiva percebe a fantasia e pode ser uma potência transformadora em uma realidade fraturada? Os autorretratos são autoficcionais, fantásticos e performáticos, buscam, através de experiências estéticas, abrir espaço para questionamentos acerca de estruturas hierárquicas de poder.