Avaliação histopatológica de lesões cutâneas vasculares tratadas ou não com a fibrina leucoplaquetária autóloga

Abstract

A pele é o maior órgão do corpo humano, quando ocorre uma injúria a essa pele, é gerada uma ferida, podendo esta ser caracterizada como a perda da solução de continuidade da pele originada por dano físico, químico, mecânico ou patológico. Esta ferida pode ser diferenciada em aguda ou crônica. A lesão aguda corresponde as feridas que cicatrizam em dias ou semanas, sendo mais facilmente tratadas, visto que respondem adequadamente ao tratamento e cicatrizam sem maiores complicações, ao contrário das lesões crônicas que permanecem abertas por longo período de tempo, em geral, superior a seis meses para ocorrer o processo de cicatrização devido à dificuldade das extremidades da lesão de se aproximarem e de fatores sistêmicos, locais, intrínsecos ou extrínsecos do portador da lesão. As feridas crônicas representam um problema de saúde pública muito prevalente no Brasil. Nesta conjuntura, os agregados plaquetários autólogos apresentam grandes potenciais terapêuticos, com ênfase para a Fibrina Leucoplaquetária Autóloga (FLA), que é objeto do presente trabalho com a finalidade de evidenciar suas influências sobre o processo de cicatrização. Este estudo é classificado como um ensaio clínico aberto, randomizado, comparativo em paralelo, para determinar o efeito da aplicação tópica da FLA em lesões crônicas de difícil cicatrização. A população do estudo foi composta por um n=14 pacientes adultos portadores de feridas crônicas, sendo este público dividido em 7 pacientes controle, os quais receberam tratamento convencional e 7 pacientes intervenção, os quais receberam tratamento com a Fibrina Leucoplaquetária Autóloga. Os pacientes estavam em acompanhamento no Serviço Ambulatorial de Enfermagem em Estomaterapia (SAEE) do Hospital Universitário de Brasília, HUB - UnB. A FLA é obtida por meio da coleta de sangue do próprio paciente que irá se submeter ao tratamento, através de venopunção seguida de centrifugação sanguínea imediata. Foram analisados parâmetros macroscópicos por meio de fotografias e mensuração digital, além dos parâmetros histológicos, propiciados por meio de biópsias. O grupo intervenção apresentou maiores valores em relação à quantidade de ulceração ao início do tratamento, porém reduziu expressivamente após três meses de tratamento. Em relação ao parâmetro de espessamento epitelial, o grupo intervenção apresentou mediana menor do que a do grupo controle ao início do tratamento. Após três meses, apresentou espessamento epitelial consideravelmente maior do que o grupo controle. Macroscopicamente ambos os grupos apresentaram redução de tamanho da lesão. Do ponto de vista histológico, diferentemente do tratamento convencional, o tratamento com a FLA apresentou potencial de neoangiogênese e reestruturação da arquitetura tecidual com anexos cutâneos após três meses. O grupo controle apresentou etapas de inflamação incompletas ao final do período analisado. O presente estudo permitiu concluir que a Fibrina Leucoplaquetária Autóloga apresenta importante eficácia no tratamento de indivíduos portadores de lesões cutâneas crônicas, por promover efetivamente os eventos inflamatórios que culminarão na cicatrização, restaurando inclusive anexos cutâneos.