Zygmunt Bauman e consumo sustentável : nexos e convergências conceituais entre agendas

Abstract

Com o papel central do consumo nas inter-relações sociais, culturais e políticas na atual fase da modernidade, diversas questões são levantadas acerca da insustentabilidade presente nessas práticas. Deste modo, é cada vez mais emergente a necessidade de se compreender os aspectos socioculturais determinantes das práticas de consumo, a fim de promover medidas efetivas para a promoção de mudanças nos padrões de consumo em busca de uma sociedade sustentável. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa é investigar como as obras de Zygmunt Bauman podem contribuir para compreender a sustentabilidade na esfera do consumo, tendo em vista que o autor se dedicou a analisar essas práticas no contexto moderno. A partir disso, ao propor o termo “modernidade líquida”, Bauman busca esclarecer, no próprio nome, as questões intrínsecas na atualidade. Diante da efemeridade e da flexibilidade moderno-líquidas, os indivíduos estão sujeitos a incertezas estruturais. Além disso, questões como a construção da identidade e a comodificação dos indivíduos se tornam obrigações sociais dos membros da sociedade de consumidores individualizada. Nesse sentido, tendo em vista debates internacionais já estabelecidos sobre consumo e meio ambiente, o autor traz alguns pontos que permitem compreender com mais clareza questões que estão sendo negligenciadas ou propriamente abordadas. Para tal análise, foi necessário investigar onde se encontra as discussões sobre consumo verde e consumo sustentável, a fim de descobrir suas objeções e seus alcances. Nesse sentido, o relacionamento entre consumo e sustentabilidade vem evoluindo, ainda que com suas limitações, para uma proposta baseada na politização do consumo, chamada de consumo político. Nesse cenário, Bauman contribui para esclarecer alguns aspectos da modernidade líquida que dialogam com essas propostas emergentes.