Adoção do modelo de perdas esperadas da IFRS 9 : os impactos previstos para os bancos brasileiros se confirmaram?

Abstract

O presente estudo teve por objetivo verificar se as estimativas realizadas por Dantas, Micheletto, Cardoso e Freire (2017), referente aos níveis superiores de perdas nas demonstrações em IFRS comparativamente às demonstrações em BRGAAP dos bancos brasileiros, após a efetiva adoção da IFRS 9, foram confirmadas. A pesquisa foi realizada com base nas informações publicadas nas demonstrações financeiras de 41 instituições financeiras, no período de 2009 a 2020, tanto em BRGAAP quanto em IFRS, através de testes de diferença de média entre as variáveis analisadas. Os resultados dos testes realizados confirmaram que os níveis de provisão em BRAGAAP são comparativamente maiores aos níveis registrados em IFRS no modelo da IAS 39 e que os níveis de impairment no modelo da IFRS 9 são superiores ao modelo da IAS 39. Por fim, foi constatado que, apesar de os níveis de perdas por risco de crédito serem nominalmente maiores nas demonstrações no modelo da IFRS 9 de perdas esperadas em relação ao modelo misto adotado no BRGAAP, essa diferença não é estatisticamente relevante. Não são confirmadas, portanto, as estimativas de Dantas et al. (2017). Os resultados obtidos no estudo apresentam relevância para o avanço da literatura sobre o tema, por utilizar de informações divulgadas já no modelo da IFRS 9, diferentemente dos estudos anteriores que utilizavam projeções, e pode ser utilizado como base de avaliação sobre como está sendo aplicado o modelo de perdas esperadas nas instituições financeiras brasileiras.