Avaliação das condições de coagulação e parâmetros de projeto para remoção de oocistos de Cryptosporidium por filtros rápidos diretos descentes

Abstract

A ocorrência de oocistos de Cryptosporidium em mananciais abastecedores representa um risco de saúde pública. O seu tamanho reduzido associado à sua alta resistência à desinfecção por cloro acentuam a necessidade de efetuar uma remoção efetiva desse protozoário através das tecnologias de filtração rápida. A filtração direta, sob suas diferentes variantes, tem sido difundida no Brasil devido aos baixos custos associados e à presença de mananciais com qualidade de água compatível com essa tecnologia. Por outro lado, a principal problemática da filtração direta é apresentar apenas uma barreira de remoção de microrganismos patogênicos tornando necessária a garantia de máxima remoção de oocistos de protozoários, como o Cryptosporidium, na etapa de filtração. Além disso, os critérios de dimensionamento e condições de coagulação sugeridas pela norma e literatura técnica para o emprego dessas tecnologias atualmente não consideram a presença de oocistos nos ambientes aquáticos destinados a abastecimento público, assim como a eficiência necessária para sua remoção. Nesse sentido, a partir de uma pesquisa bibliográfica foi possível averiguar a convergência dos critérios de projeto e operação sugeridos pela literatura com os resultados de pesquisas científicas sobre a eficiência de remoção de oocistos de Cryptosporidium, verificando uma tendência de remoção média de 3,6 log para filtros diretos descendentes em escala piloto. O custo elevado e o risco à saúde associado ao uso de oocistos viáveis ou inativos para a realização de ensaios de filtração direta em escala piloto indica a necessidade do uso de agentes substitutos para a análise de remoção de oocistos, sendo as microesferas de dimensões e propriedades similares aos oocistos de Cryptosporidium um agente substituto considerado confiável de forma que já está sendo empregada em estudos mais recentes. Os parâmetros de projeto e de operação analisados contemplaram a qualidade da água bruta, condições de coagulação e características dos meios filtrantes, sendo observada remoção de oocistos eficiente empregando condições ótimas de coagulação com valores de pH abaixo de 7 e dosagem de coagulante de 3 a 30 mg/L, quando empregado o sulfato de alumínio. Entretanto, verificou-se a necessidade de averiguar as remoções efetivas em escala real e inferir sobre a influência de condições não controladas e de escala na remoção dos oocistos.