Anatomia comparada do caule de Roupala montana Aubl. (Proteaceae) em cerrado s.s. x mata de galeria

Abstract

O Bioma Cerrado, com sua grande diversidade, apresenta diferentes formações vegetacionais. Algumas espécies são de ampla distribuição e possuem ajustes morfológicos e anatômicos nos diferentes órgãos que permitem sua sobrevivência em ambientes secos, úmidos e até alagados. Estudos de anatomia ecológica da madeira podem verificar como as estruturas anatômicas das plantas variam de acordo com as características edafoclimáticas. Nesse contexto, o presente estudo buscou avaliar a existência de diferenças quantitativas na madeira do caule principal de indivíduos da espécie Roupala montana coletados em duas fitofisionomias do Bioma, isto é, no cerrado sensu stricto (s.s.), caracterizado por ser típica de ambiente mais seco, e na mata de galeria, caracterizada por ocorrer em ambientes mais úmidos. O estudo foi realizado na Fazenda Água Limpa – FAL, da Universidade de Brasília. As variáveis anatômicas do caule principal, dos indivíduos amostrados nos dois ambientes (seco e úmido) foram analisadas utilizando o teste t, e também foram submetidas a análise de componentes principais (PCA). Os resultados revelaram diferenças estatisticamente significativas entre os ambientes, para a maioria das variáveis analisadas, tais como, comprimento, área e diâmetro de vasos, altura e largura de raio e todas as características das fibras. Na mata de galeria foram encontrados maiores valores para as características de vaso, acima mencionadas, o que garantiria maior eficiência do transporte hídrico nesse ambiente, apesar que todos os indivíduos da espécie apresentam característica de maior segurança hídrica, pois apresentam vasos de diâmetro pequeno, de média densidade e de comprimento médio. As fibras de paredes muito espessas (mais na mata de galeria), e os raios altos e largos da espécie, maiores na mata de galeria e no cerrado s.s., respectivamente, também podem ter auxiliado na segurança hídrica contra o embolismo nos vasos. Mesmo a espécie R. montana apresentando ajustes na anatomia da madeira, influenciadas por características edafoclimáticas, suas características anatômicas asseguram segurança e eficiência no transporte hídrico, principalmente em períodos de seca.