A origem das universidades e a presença feminina em espaços do saber

Abstract

Por volta dos séculos IX-XII, em meio ao renascimento comercial e urbano, na Europa Ocidental, a população laica necessita cada vez mais de instrução, principalmente no que diz respeito a leitura, escrita e cálculos, nas atividades urbanas cotidianas, o que fomentou o desenvolvimento de corporações de mestres e discípulos, as universitas, ou seja, originou as universidades. O presente trabalho analisa, através de revisão historiográfica, o surgimento e a estrutura das universidades medievais e como seu desenvolvimento influenciou a presença ou ausência feminina nos espaços de saber. É à luz da política sexual que serão analisadas as relações de ocupação e representação feminina na Idade Média, a partir de diferenças, como nascer mulher ou nascer homem, que intervém e modificam o contexto político antes mesmo da diferença de classes, num contexto de origem e desenvolvimento universitário. Nessa análise será trabalhada, de forma mais específica, a existência de Trotula di Ruggiero, mestra e médica na Escola de Medicina de Salerno, no sul da Itália, e seus tratados sobre a saúde das mulheres e como sua aceitação e representação se modificou, com o passar dos anos, de acordo com as diferentes políticas sexuais vigentes, entre complementariedade, polaridade ou unidade sexual (Prudence Allen). Evidenciando como é a política sexual, principalmente, que irá interferir em como essa nova instituição, a universidade, irá se desenvolver e atuar na sociedade.