Florestas plantadas biodiversas : a revolução de Ernst Götsch

Abstract

O mundo passa por uma crise ambiental crescente, o novo relatório do Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC, 2020) mostrou que a influência das atividades humanas nas mudanças climáticas passou de suposição à certeza. A mudança precisa acontecer na forma como lidamos com o meio ambiente, pois o ser humano é também parte da natureza. Nesse sentido observa-se a crescente perda de florestas, motivada pelo atual modelo de agricultura, fortemente degradante para o solo e dependente de produtos químicos, como um dos fatores primordiais destas mudanças. Projetos de reflorestamento não conseguem acompanhar o ritmo acelerado do desmatamento, e, frequentemente esbarram em fatores como a falta de incentivo e retorno financeiro, além da falta de conhecimento específico. Neste cenário, o presente estudo tem por objetivo apresentar as agroflorestas biodiversas, ou, agricultura sintrópica, de Ernst Götsch, como um caminho que parte de uma visão holística, onde o ser humano é um dos agentes da natureza, trabalhando junto com ela e não somente explorando-a, para unir o plantio de florestas com a produtividade agrícola, através de um conhecimento sobre ecologia, agricultura e manejo florestal. Serão explorados os fundamentos que regem a prática da agricultura sintrópica, exemplificadas com alguns casos relevantes para o cenário nacional, por meio de uma revisão bibliográfica. Por ser um assunto ainda incipiente, existem ainda, muitas dúvidas sobre o seu potencial econômico, num cenário agrícola motivado principalmente pelo lucro imediato. Por isso, serão apresentadas algumas análises financeiras feitas em SAFs (sistemas agroflorestais) biodiversos, como um estímulo para sua prática e realização de outros estudos, o que se faz extremamente necessário para a expansão de sua adoção, na agricultura familiar e futuramente para grandes produtores. A partir do trabalho foi possível compreender os SAFs biodiversos como alternativa viável para que possamos, produzir alimentos com menor dependência de insumos externos e promover a restauração de manutenção dos ecossistemas, porém é preciso trazer esse conhecimento para as universidades com intuito de sistematizá-lo e promover uma maior segurança para produtores rurais, além disso é um caminho em potencial para trazer retorno financeiro para projetos de reflorestamento, tanto pela colheita de alimentos quanto de madeira, amenizando seus custos.