Investigação de soluções que minimizem o risco de desenvolvimento de câncer nos bombeiros

Abstract

Os bombeiros possuem uma maior incidência em casos de câncer que a população em geral devido à exposição crônica a compostos tóxicos e carcinogênicos como os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) e os compostos orgânicos voláteis (COVs) que são gerados pelas reações de combustão incompleta presentes em situações de incêndio. Este trabalho apresenta duas etapas. Na primeira foram avaliados os hábitos adotados pelos bombeiros e seus respectivos níveis de consciência com relação ao maior risco de desenvolvimento de câncer. Para tal, aplicou-se um formulário aos militares dos Corpos de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) e de Pernambuco (CBMPE). Os resultados sugerem que existe uma boa conscientização dos bombeiros quanto à necessidade de adoção de hábitos que minimizem a exposição crônica. Contudo, há dificuldade de colocar estes hábitos em prática, provavelmente em virtude da falta de uma estrutura apropriada dentro dos quartéis. Na segunda etapa foi avaliada a eficiência de um método prático para promover a limpeza dos trajes de bombeiros que seja alternativo ao método convencional (uso de máquina de lavar). Para isso, avaliou-se a degradação de uma mistura de HPAs e COVs por meio da fotólise, uma variante dos Processos Oxidativos Avançados (POAs) que consiste na irradiação de luz sobre os compostos tóxicos, fornecendo energia para que haja a degradação de compostos tóxicos em moléculas menores a partir de radicais reativos e, assim, formar moléculas que não prejudiquem a saúde. O método de fotólise também foi comparado com um método que simulava a lavagem por máquina de lavar. Este foi adaptado para o uso de um balde em conjunto com um agitador mecânico. Observou-se que a fotólise mostrou ser o método mais vantajoso e adequado neste estudo, apresentando uma média de 79 ± 6% de degradação dos compostos tóxicos, além de ser um método de baixo custo e a seco. Em contrapartida, a lavagem por máquina de lavar adaptada apresentou uma média de apenas 47 ± 11% de degradação dos compostos, além de mostrar um desvio padrão elevado, caracterizando a falta de homogeneidade neste método de limpeza.