Dinastias políticas nordestinas na Câmara dos Deputados (55a Legislatura - 2015-2019)

Abstract

As instituições públicas brasileiras são constituídas por dinastias políticas. O fenômeno de transferência de poder das famílias com tradição na política perpassou o período Colonial, o Império, a República e mostra-se ainda presente nas instituições públicas brasileiras de forma incisiva, sobretudo, na Câmara dos Deputados (CD). A literatura clássica brasileira atribui este fenômeno ao «subdesenvolvimento» e ao «atraso» Brasileiro considerando os critérios normativos do processo de modernização europeu. Considera-se, além disso, que o processo de recrutamento político no parlamento brasileiro está fundamentalmente permeado pela lógica do capital familiar (MONTEIRO, 2016) e pela oligarquização (MIGUEL, 2015). O pertencimento a uma família de tradição política mostra-se, assim, como um facilitador para inserção no «campo político», uma vez que o herdeiro é socializado politicamente desde sua infância para conhecer o funcionamento do campo político, os seus saberes e técnicas específicos. Destaca-se ainda que diferentes padrões socioculturais regionais brasileiros dão origem a diferentes modos de se fazer política e interferem significativamente na atuação dos parlamentares na Câmara dos Deputados (MESSENBERG, 2008). Dessa forma, a presente pesquisa tem como objetivo principal apresentar a discussão em torno da transferência de poder entre as elites políticas nordestinas brasileiras, uma vez que, nessa região, concentram-se os maiores percentuais de membros de dinastias políticas do parlamento nacional. A pesquisa buscará entender o perfil e a trajetória política daqueles que pertencem às dinastias políticas, em especial os deputados e deputadas nordestinos, no âmbito da Câmara dos Deputados (CD), durante a 55a Legislatura (2015-2019), período marcado pela presença significativa de parlamentares dinásticos. Para tanto, o trabalho apoiou-se em pesquisas bibliográficas, na coleta de dados biográficos de todos deputados eleitos para CD, em 2014, e em entrevistas semiestruturadas a partir de uma amostra não-representativa dos deputados e deputadas pertencentes às dinastias políticas da 55a Legislatura.