Título: | O momento de fixação dos compromissos regulatórios e seus impactos em um processo de privatização : em busca de uma estabilidade flexível |
Outros títulos: | Towards a flexible stability : when to make regulatory commitments and the impacts on a privatization process |
Autor(es): | Berbert-Born, Gabriela |
Orientador(es): | Oliveira, Márcio Nunes Iorio Aranha |
Assunto: | Direito regulatório Pragmatismo Privatização Telecomunicações Regulação responsiva |
Data de apresentação: | 8-Dez-2020 |
Data de publicação: | 1-Mar-2021 |
Referência: | BERBERT-BORN, Gabriela. O momento de fixação dos compromissos regulatórios e seus impactos em um processo de privatização: em busca de uma estabilidade flexível. 2020. 153 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020. |
Resumo: | O objetivo desta pesquisa é analisar a relação entre os resultados do processo de
desestatização de uma empresa prestadora de serviços públicos (variável dependente) e o
momento em que é estruturado o desenho regulatório-institucional do setor privatizado (variável
explicativa/independente). Busca-se investigar: (i) se a sequência entre regular e privatizar
importa; e (ii) se – sob o prisma da teoria da regulação responsiva, marco teórico eleito para
guiar o trabalho – é desejável que os compromissos regulatórios sejam firmados antes de
iniciado o processo de privatização.
Em termos metodológicos/procedimentais, o trabalho se vale do Pragmatismo como fio
condutor para a análise, aqui compreendido enquanto método pautado por três elementos
fundamentais: o contextualismo, o consequencialismo e o antifundacionalismo. Intenta-se, com
isso, agregar uma visão mais técnica e objetiva ao tema das privatizações, cuja carga ideológica
não raro conduz a uma discussão polarizada e cega aos efeitos das múltiplas variáveis
envolvidas nesses processos. Seguindo essa tríplice matriz pragmatista, a pesquisa se estrutura
em três partes. O capítulo inicial, Contextualismo, de viés descritivo, contrasta dois casos de
privatização no setor das telecomunicações nos anos 1990 em que a variável explicativa
estudada destoa de forma evidente: o da Entel, na Argentina, em que não foi erguido um aparato
regulatório significativo antes de sua alienação; e o da Telebrás, no Brasil, em que houve a
preocupação de se criar a agência reguladora e a lei setorial antes de se iniciar o processo de
privatização. O Capítulo 2, Consequencialismo, de viés analítico, investiga as possíveis
relações entre essa variável e os resultados de cada processo. O Capítulo 3,
Antifundacionalismo, de viés crítico, examina esse quadro pelas lentes da teoria da regulação
responsiva.
O estudo sugere que a sequência entre regular e privatizar de fato importa quando se
toma por base as experiências de privatização dos anos 1990. Por um lado, a fixação prévia dos
compromissos regulatórios pareceu correlacionada a uma série de resultados positivos nesses
processos. Por outro, mostrou-se passível de ensejar certos efeitos contraprodutivos, advindos
sobretudo da tensão entre a estabilidade inerente a esses compromissos e a necessária
flexibilidade de adaptação a novos cenários. Essa questão se revelou mais complexa, todavia,
quando analisada pelo prisma da teoria da regulação responsiva e de um olhar atento à evolução
das instituições desde a década de 1990. Com efeito, ao se conceber a regulação e a realidade
institucional como fluxos em constante evolução, e não como questões estáticas, vinculadas a
um momento específico, observa-se que a própria pertinência de se tentar sequenciar a
regulação e a privatização é, em grande medida, reduzida – para não dizer superada. Essa nova
perspectiva oferece estratégias para se manejar a tensão entre estabilidade e flexibilidade,
gerada pela fixação prévia dos compromissos, e indica em que medida esses conceitos
aparentemente antagônicos podem se mostrar compatíveis e complementares no Direito
Regulatório. |
Abstract: | This undergraduate thesis analyzes the relationship between the results of the process
of privatization of public utilities (dependent variable) and the moment when the regulatoryinstitutional design of the privatized sector is structured (independent/explanatory variable). Its
objectives are to investigate: (i) whether the sequence between regulating and privatizing
matters; and (ii) whether – from the perspective of the responsive regulation theory, the
theoretical framework chosen to guide the work – it is desirable or not that the regulatory
commitments are established before starting the privatization process.
Concerning methodology, Pragmatism offers the guiding thread for the analysis – here
understood, for purposes of this research, as a method composed by three fundamental
elements: contextualism, consequentialism and anti-foundationalism. This is intended to add a
more technical and objective overview of the privatization debates, which are frequently
discussed in a polarized setting that neglects the multiple variables involved in these processes.
Following the pragmatist matrix, the research is structured into three parts. The initial chapter,
Contextualism, which has a descriptive character, presents two cases of privatization of
telecommunications in the 1990s with different explanatory variables and outcomes: the Entel
privatization, in Argentina, in which a regulatory structure was not built before its alienation;
and that of Telebrás, in Brazil, where there was a concern to create a regulatory framework and
an agency before starting the privatization process. Chapter 2, Consequentialism, which has an
analytical character, investigates the possible relationships between this variable and the results
of each process. Finally, Chapter 3, Antifundationalism, which offers a critical perception,
examines this whole picture through the lenses of the theory of responsive regulation.
The research suggests that the sequence between regulation and privatization does
matter when considering the privatization experiences of the 1990s. It was observed that
establishing regulatory commitments before privatizing seems correlated, on the one hand, with
a set of positive results in these processes; and, on the other hand, with some counterproductive
effects, arising mainly from the tension between the stability, inherent in these commitments,
and the necessary flexibility to adapt the regulatory system to new scenarios. Nevertheless, the
issue becomes more complex when analyzed from the perspective of the responsive regulation
theory and once considered the evolution of institutions since the 1990s. This is due to an
approach based on conceiving regulation and institutional reality as flows, and not as static
issues linked to a specific moment. Therefore, it shows that the relevance of trying to sequence
regulation and privatization is, to a large extent, reduced - not to say overcome. This new
perspective offers strategies to manage the tension between stability and flexibility and indicates
to which extent these apparently antagonistic notions can be compatible and complementary in
regulation. |
Informações adicionais: | Trabalho de Conclusão de Curso (graduação)—Universidade de Brasília, Faculdade de Direito, 2020. |
Licença: | A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor que autoriza a Biblioteca Digital da Produção Intelectual Discente da Universidade de Brasília (BDM) a disponibilizar o trabalho de conclusão de curso por meio do sítio bdm.unb.br, com as seguintes condições: disponível sob Licença Creative Commons 4.0 International, que permite copiar, distribuir e transmitir o trabalho, desde que seja citado o autor e licenciante. Não permite o uso para fins comerciais nem a adaptação desta. |
Aparece na Coleção: | Direito
|
Todos os itens na BDM estão protegidos por copyright. Todos os direitos reservados.