Resumo: | Percebe-se, no contexto de alimentação e nutrição, a necessidade do entendimento
do indivíduo como um ser cultural e que carrega, ao comer, histórias, relações e
sensações. Com o propósito de analisar a complexidade do ato de comer em
sociedade frente ao paradigma biomédico vigente na formação em saúde, para
compreender melhor o papel da alimentação no cotidiano social, buscou-se analisar
a história de vida alimentar por meio de narrativas com o recorte autobiográfico. De
acordo com Minayo, 2001, a pesquisa qualitativa trabalha com um grau de realidade
que não pode ser quantificado. É um universo de significações, aspirações, crenças,
valores e atitudes, que contribuem para que se entenda, de maneira integral, o
indivíduo e os fenômenos sociais que perpassam o subjetivo. Foi curioso perceber,
como os participantes foram relembrando momentos e experiências relacionadas à
certas receitas, alimentos e pessoas. Canesqui e Garcia, p. 277, 2005, falam em seu
livro que o ato de comer é uma interação entre vários elementos, bem como entre o
social e o biológico. "A alimentação foi um dos elementos que contribuíram para
gerar identidade, mediante a constatação da diferença" (CANESQUI; GARCIA, p.
141, 2005). Assim sendo, entender a história de vida de cada indivíduo é
fundamental para que profissionais de saúde, e agora trago para minha futura
profissão, entendam os sentimentos e a subjetividade de cada indivíduo para que
possam aprimorar as formas de atendimentos e de relações com pacientes e então
colocar os saberes vindos das experiências sociais e de cada narrativa de vida, na
objetividade da ciência e vice versa. Ao utilizar do instrumento pedagógico de ensino
da (auto)biografia, foi possível perceber, por meio das histórias de vida de cada
participante que o ato de se alimentar compreende os vários aspectos da dimensão
humana, o político, o econômico, o social, o cultural e o emocional, e que estão
diretamente relacionados ao processo de saúde e doença. |