Criando caminhos : corpo, educação e epistemologia

Abstract

Este trabalho aborda a necessidade de se construir uma educação voltada ao desenvolvimento humano e à instrumentalização do indivíduo para a descoberta de si, estabelecendo a arte-educação como uma das protagonistas desse processo, tomando como exemplo, inicialmente, a minha própria história. Ao analisarmos a realidade escolar e acadêmica no Brasil, é possível detectar diversas contradições e problemáticas que acabam por gerar um ensino ineficaz no sentido de atender às necessidades da nossa sociedade e dos indivíduos, reproduzindo modelos obsoletos (herdados, como se verá, do colonialismo) e estabelecidos numa relação desigual e verticalizada de poder - chamada por Boaventura (2010) de epistemologia dominante - que não exploram o valor das culturas e saberes locais. Chamarei esse ensino desconectado da realidade social de escola sem raiz. Percebe-se também um cerceamento das pulsões corporais na escola (que aqui será percebido também como parte de uma relação de poder) em que a sala de aula é organizada seguindo a uma lógica que seria, segundo Foucault (1987), análoga à da organização de presídios, fábricas e manicômios. A essa estrutura de controle do corpo nas instituições de ensino, chamarei de escola sem corpo. Após buscar as origens desses problemas, proponho alternativas, para uma escola (e universidade) com raiz e corpo, dando ao aluno os intrumentos necessários para a descoberta de si e o seu desenvolvimento enquanto pessoa livre.