A quase verdade nas lógicas polivalentes

Abstract

A noção de quase verdade foi criada por Newton da Costa e colaboradores para melhor compreender a questão da verdade nas ciências empíricas que, devido à incompletude das informações existentes no domínio científico, faz com que, proposições pertencentes a determinado escopo teórico e para as quais a definição do valor de verdade seja factível, convivam com outras proposições para as quais simplesmente não é possível definir se se trata de uma verdade ou de uma falsidade, considerado o mesmo escopo teórico. Esta indefinibilidade, bem retratada nas teorias pragmáticas da verdade, não são devidamente tratadas nas teorias clássicas, o que motivou Newton da Costa a construir uma nova concepção de verdade capaz de, não só generalizar a visão clássica, como abarcar em linguagem formal a proposta pragmática. Paralelamente, temos as lógicas polivalentes, que derrogam explicitamente o princípio da bivalência, admitindo, em seu arcabouço, valores de verdade para além dos clássicos verdadeiro e falso, o que amplia consideravelmente o leque de interpretações filosóficas possíveis frente ao mundo. Essas duas ideias, quase verdade e lógicas polivalentes, parecem ter entre si uma conexão natural, marcada notadamente pelo esforço de compreender e modelar a zona nebulosa que paira entre a verdade e a falsidade. Apresentamos, aqui, uma nova proposta, que tem por objetivo construir essa conexão entre quase verdade e duas lógicas polivalentes, as lógicas 𝐿𝑛 de Łukasiewicz e a Lógica Difusa. Neste esforço, criamos os conceitos de quase verdade pura, quase verdade forte e quase verdade fraca, que nos permite conectar a quase verdade às lógica 𝑛-valentes sem maiores dificuldades.