Julgamento e naturalização : representações da violência no Fantástico

Abstract

O objetivo deste estudo é compreender de que maneira a violência foi representada no programa Fantástico (TV Globo), em 2015. Para tal, analisamos 56 edições do programa, nas quais estavam presentes 56 conteúdos sobre violência urbana. Do ponto de vista teórico, desenvolvemos o trabalho a partir das discussões sobre os diferentes tipos de violência que ocorrem nas sociedades, refletindo sobre o caráter múltiplo deste fenômeno. Além disso, discorremos sobre as técnicas utilizadas para compor o discurso do jornalismo televisivo e sobre os principais conceitos apresentados pela Teoria das Representações Sociais. Do ponto de vista metodológico, o estudo foi realizado em três partes: na primeira, identificamos aspectos relevantes para a discussão sobre a violência e o jornalismo no Brasil. Na segunda, fizemos a revisão da literatura a respeito destas temáticas e selecionamos o objeto de estudo desta pesquisa, assim como a amostra. Por fim, construímos os instrumentos de análise e analisamos os conteúdos escolhidos. Os resultados mostram que a cobertura de violência do Fantástico representa as ideias da violência como um fenômeno inato, centrado no indivíduo e que tem início e fim em si mesmo. Além disso, a maior parte dos conteúdos analisados não estão de acordo com os parâmetros propostos pelos órgãos oficiais que tratam desta temática, como ONU, ANDI e UNESCO.