Resumo: | Os conflitos inerentes à diversidade sócio-cultural do ambiente escolar é questão
que tem sido objeto de estudos e debates. Um dos aspectos que tem merecido maior
atenção diz respeito à violência em suas diversas dimensões, quais sejam, dura,
micro e simbólica e como elas se interconectam com as questões de gênero e
sexualidade, misoginia, homofobia, preconceito racial e social. Se por um lado a
violência dura é amplamente debatida e todos reunem esforços no seu combate, nas
dimensões micro e simbólica ela tem sido invisibilizada e o debate para superá-las
ainda estar por acontecer. Este trabalho analisa esse viés, isto é, tem por escopo dar
visibilidade à violência simbólica recorrente no ambiente escolar, viabilizando sua
problematização, debate e superação. Para tanto foram realizadas oficinas com os
alunos visando problematizar a questão das violências que se manifestam no “chão”
da escola, buscou-se, pois, enfrentar questões relacionadas aos gêneros e às
sexualidades, tais como homofobia, lesbofobia, transfobia, misoginia, visando
combater o racismo, desconstruir estereótipos arraigados na nossa cultura, que
eventualmente se manifeste no ambiente escolar. A suposição inicial era a de que
os alunos teriam grande preocupação com as violências duras, mas pouca ou
nenhuma preocupação nem percepção das violências simbólicas. As oficinas
refutaram a suposição inicial, pois restou demonstrado que eles têm efetiva e crítica
percepção das violências em todas suas dimensões e foram capazes de perceber
suas conexões com a homofobia, misoginia, preconceitos, etc. Forçoso, pois,
concluir que se as violências simbólicas ainda permanecem invisibilizadas no
ambiente escolar, é sob o patrocínio dos poderes organizados que o organiza e o
mantém conforme suas ideologias. |